Humanidade precisa dominar IA antes que ela nos
domine
Em jogos como o
xadrez, nenhum humano pode vencer um computador.
O que acontece se a mesma
coisa ocorrer na arte, na política e até na religião?
Imagine que, ao
embarcar num avião, metade dos engenheiros que o construíram lhe diga que
há 10% de chance de ele cair, matando você e
todos os outros a bordo.
Você ainda embarcaria?
Em 2022, mais de
700 acadêmicos e pesquisadores ligados às principais empresas de inteligência
artificial foram entrevistados sobre o risco futuro da IA.
A metade dos
entrevistados afirmou que havia 10% ou mais de chance de extinção humana (ou
perda de poder igualmente permanente e severa) por futuros sistemas de IA.
As empresas
de tecnologia que constroem os grandes modelos de linguagem de hoje estão
envolvidas numa corrida para colocar toda a humanidade nesse avião.
As empresas farmacêuticas não podem vender
novos medicamentos às pessoas sem antes submeterem seus produtos a rigorosas
verificações de segurança.
Os laboratórios de biotecnologia não podem lançar
novos vírus na esfera pública para impressionar os acionistas com sua magia.
Da
mesma forma, os sistemas de IA com o poder do GPT-4 e além não devem se
envolver na vida de bilhões de pessoas num ritmo mais rápido do que as culturas
podem absorvê-los com segurança.
Uma corrida para dominar o mercado não deve
definir a velocidade de implantação da tecnologia mais importante da
humanidade. Devemos nos movimentar na velocidade que nos permita fazer isso
direito.
O espectro da IA
assombra a humanidade desde meados do século 20, mas até recentemente
permaneceu uma perspectiva distante, algo que pertence mais à ficção científica
do que a sérios debates científicos e políticos.
É difícil para nossa mente
humana compreender as novas capacidades do GPT-4 e ferramentas semelhantes, e é
ainda mais difícil compreender a velocidade exponencial em que essas
ferramentas estão desenvolvendo capacidades ainda mais avançadas e poderosas.
Mas a maioria das habilidades-chave se resume a uma coisa: a capacidade de
manipular e gerar linguagem, seja com palavras, sons ou imagens.
Ainda podemos escolher qual futuro queremos com a IA.
Quando
poderes semidivinos são combinados com responsabilidade e controle
proporcionais, podemos perceber os benefícios que a IA promete.
FOLHA DE SÃO PAULO