Investimento com foco no longo prazo


O mundo ficou muito mais difícil para o investidor com foco no longo prazo e, ao trazermos algumas de suas observações é porque tais reflexões guardam uma íntima relação com o dia a dia dos gestores de carteiras de fundos de pensão. 

Diz o jornalista que a primeira conclusão é que tomar decisões de investimento agora, em 2019, exige muito mais preparo, estudo e coragem do que há dez anos. É claro que escrever olhando pelo retrovisor, já sabendo que o mundo não acabou meses depois da quebra do Lehman Brothers, é mais fácil.

 

Mas apesar do cenário de estresse de janeiro de 2009, o investidor tinha pouco espaço para errar, se tivesse paciência. Se ficasse no conforto do CDI, estaria fazendo uma aposta que embutia taxa real de juros de 6,7%, considerando a Selic e a inflação que eram projetadas para 12 meses à frente. Hoje, a taxa real dessa mesma opção de investimento é de 2,6%. Para quem estivesse preocupado com o que poderia ocorrer com a inflação no curto e no longo prazo diante da crise financeira global, e quisesse se proteger desse risco, os títulos públicos de 15 anos à frente, com vencimento em 2024, embutiam remuneração real de quase 7% ao ano. Atualmente, o papel de prazo equivalente, que vence em 2035, tem taxa muito mais modesta, de 4,5%. Aliás, nesse intervalo de dez anos, as NTN-Bs viraram Tesouro IPCA - mas não cheguei a ver essa selfie.

Na então BM&FBovespa de 2009, o Ibovespa marcava 38 mil pontos, amargando uma forte queda ante o pico histórico da época, registrado em maio de 2008. De novo, olhando em retrospectiva, é mais fácil falar. Mas tudo que todos os especialistas sempre falam é que devemos comprar ações na baixa. Olha que baita oportunidade o investidor de dez anos atrás tinha também na bolsa - não custa lembrar que o índice fechou aquele ano com alta de 82%. Hoje, na B3, com o Ibovespa nas máximas históricas, os analistas seguem recomendando compra. Mas apesar do otimismo, parece haver bem menos margem de segurança do que há dez anos.

 

Por falar em Ibovespa, aliás, o índice foi outro que mudou bastante nesses dez anos. Tanto na metodologia, que passou a considerar o valor de mercado das empresas, e não apenas liquidez, como na sua composição. Certamente a primeira mudança influenciou na segunda, mas não consigo quantificar o peso desse fator.

Certo é que há dez anos as ações de empresas de commodities (incluindo as siderúrgicas) representavam 50% do principal índice da bolsa local. Outros 20% eram de papéis do segmento de serviços financeiros e 13%, de consumo. Agora, em 2019, são os bancos e empresas do segmento financeiro que têm maior peso no indicador, com 36%. As commodities ainda tem 28% e consumo ampliou a fatia para pouco mais de 22%.

Perceber e acompanhar esse tipo de transformação, e decidir o que fazer com a carteira diante desses movimentos, é coisa para investidor profissional dedicado.



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