Veto do governo ao uso de precatórios em concessões
põe mercado em alerta
Ministro de Portos
e Aeroportos diz que não quer que concessionárias paguem valores com o
instrumento; possibilidade é prevista por emenda constitucional
O governo federal vetou o uso de precatórios para o pagamento de
concessões, gerando um alerta entre executivos de grandes bancos e fundos de
investimento que administram até R$ 90 bilhões em ativos potencialmente
afetados.
Precatórios são dívidas da União reconhecidas pela Justiça em
decisão definitiva.
A informação de que o governo quer barrar o uso desses
papéis na infraestrutura foi dada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio
França, na saída de uma reunião com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) na
quarta-feira (8).
"A orientação que o Ministério de Portos e Aeroportos
recebeu e já repassou às empresas interessadas indica que não serão aceitos
precatórios como forma de pagamento em outorgas nos aeroportos", disse à Folha o ministro Márcio
Franca por meio de sua assessoria.
A pasta explicou que aguarda uma portaria da AGU
(Advocacia-Geral da União) que, neste momento, reavalia o uso de precatórios
para pagamento de outorgas.
A declaração do
ministro de Portos e Aeroportos disparou uma espécie de "circuit
breaker".
A expressão em inglês faz referência ao sinal emitido pela Bolsa
para suspender as operações de compra e venda de ações.
A paralisia dos
negócios ocorre na esteira de embates recentes com o governo, que já vinha
dificultando o uso de precatórios em 5 casos —3 deles envolvendo concessões. Um
deles, envolvendo a Rumo, foi parar na Justiça.
O mais recente é o
do grupo espanhol Aena, que entregou precatórios
para pagar a contribuição inicial de R$ 2,45 bilhões pelos aeroportos da 7a rodada
—que inclui Congonhas, em São Paulo.
FOLHA DE SÃO PAULO