Grãos ao ar livre expõem gargalo
da logística no agro, preço do ovo dispara e o que importa no mercado
GRÃOS AO RELENTO
As
imagens aéreas de uma montanha de milho ao relento no interior de Mato
Grosso, obtidas pela BBC News Brasil, ilustram um
problema que freia um crescimento ainda maior do agro no país: os gargalos de logística.
Entenda: as toneladas de milho estão armazenadas ao ar livre e
expostas a temperaturas elevadas, à possibilidade de chuvas e a ataques de
insetos e roedores por causa da falta de silos para armazenagem de grãos no
país.
O problema é frequente, mas neste ano foi agravado pela supersafra de grãos e
pela queda das cotações das commodities, que faz os produtores segurarem as
exportações enquanto esperam por uma melhora nos preços.
Nesse cenário quem mais sofre é o milho, porque uma saca do grão vale menos da
metade que a de soja –que por essa razão "fura a fila" da
armazenagem.
Em
números: a safra de grãos de 2022/23 está projetada
em 316 milhões de toneladas pela Conab (Companhia Nacional do
Abastecimento).
- Enquanto
isso, o déficit de armazenagem dessas commodities no Brasil cresceu de 83
milhões de toneladas em 2022 para 118 milhões de
toneladas este ano –também um recorde.
- Em 2021,
a capacidade de armazenagem no país era de 75% a 80% da produção. A dos
Estados Unidos é de 150%.
O
problema também estoura no transporte. Uma vez que o produtor está colhendo
mais, há uma demanda maior por caminhões, sobe o custo dos fretes e aumenta a
fila de embarque e desembarque de produtos. A conta final vai para o bolso do
produtor e dos consumidores.
FOLHA DE SÃO PAULO