A aprovação do aumento do judiciário pelo
Senado azedou o humor de investidores quinta-feira (8) e fez a Bolsa acumular o
terceiro pregão consecutivo de baixa. Com a queda, também reflexo de perdas de
emergentes no exterior, o Ibovespa devolve os ganhos acumulados desde a eleição
de Jair Bolsonaro (PSL). O principal índice acionário do país cedeu 2,38% e
fechou a 85.620 pontos. Desde 26 de outubro, último pregão antes do segundo
turno eleitoral, a Bolsa brasileira recua 0,11%.
Para analistas, a votação surpresa do
reajuste do Judiciário na noite de quarta-feira eleva preocupações com o ajuste
fiscal, considerado necessário para o reequilíbrio das contas públicas. Há,
ainda, o receio de que a pauta-bomba seja também um recado ao governo eleito,
depois de Paulo Guedes ter falado em dar uma ‘prensa’ no
Congresso para votar a reforma da Previdência.
Há dias investidores vem adotando postura
mais cautelosa, reflexo dos desencontros da equipe de Bolsonaro sobre a reforma
da Previdência, considera pelo mercado financeiro a prioridade do início de
mandato.
“Ainda prevalece entre os investidores o
estresse por conta da indefinição de prioridades do novo governo de Bolsonaro e
definição de agenda nas diferentes áreas”, escreveu Alvaro
Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
Ainda sob a perspectiva local, a queda foi
liderada pela baixa de mais de 3% nas ações da Petrobras, perdas que foram, em
parte, atribuídas à baixa nos preços do petróleo no mercado internacional. O
mercado reage à temporada de divulgação de resultados de empresas locais. As
ações da Estácio recuaram mais de 8% com desempenho abaixo do esperado pelo
mercado no terceiro trimestre, arrastando papéis de empresas do setor de
educação.
Outro destaque negativo foi a Cielo, que
recuou quase 10% no pregão. O Banco Central estuda a regulação de pagamentos
instantâneos, que não passariam pelos atuais arranjos de pagamento. A medida
deve aumentar ainda mais a competição no setor, que vem derrubando os
resultados da empresa. Em Nova York, as ações da PagSeguro caíram mais de 8%.
O dia foi negativo para mercados emergentes,
em perdas que foram lideradas pela Bolsa mexicana, que caíram quase 6%. Por lá,
notícias de interferência do governo eleito no setor bancário derrubaram os
papéis.
Já as Bolsas americanas recuaram em dia de
expectativa com decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano),
que decidiu manter os juros americanos entre 2% e 2,25% ao ano, conforme
amplamente esperado pelo mercado. A próxima alta está prevista para a reunião
de dezembro.
O dólar alternou durante toda a sessão
alternando entre perdas e ganhos, fechou em baixa de 0,02%, a R$ 3,7390.
DINHEIRAMA