Editorial chama a
atenção para "o fantasma do déficit da Previdência"
"O País gastou R$ 394,7 bilhões para cobrir o
déficit com o pagamento de aposentadorias e pensões em 12 meses até novembro do
ano passado.
A cifra representou um aumento
de 8% em relação ao período anterior, e só não foi ainda pior em razão das
regras mais rígidas para a concessão de novos benefícios, estabelecidas pela
reforma da Previdência aprovada em 2019.
Na sequência, fornece números mostrando
que os regimes próprios contribuem com bem mais de uma terça parte do problema,
apesar de envolver apenas pouco mais de 1 milhão de pessoas, quando o regime
geral até mais de 28 milhões de brasileiros.
O jornal chama a atenção para o
fato de que se acreditava que a reforma de 2019 adiaria a necessidade de uma
nova rodada de mudanças, mas acontecimentos recentes mostram a urgência de uma
nova discussão a respeito.
Por exemplo, a redução nas filas de espera por
benefícios ampliou sobremaneira os gastos.
Prossegue o jornal:
o envelhecimento da população é uma realidade, e o trabalho informal
continua a ser um desafio para a sustentabilidade da Previdência Social.
O
regime dos microempreendedores individuais (MEI) está longe de arrecadar o
suficiente para bancar os benefícios futuros, enquanto a concessão de
aposentadoria rural nem sequer exige contribuição previdenciária
mínima.
Somente o valor desembolsado para cobrir o rombo acumulado nos 12
meses encerrados em novembro correspondeu a 3,95% do Produto Interno Bruto
(PIB).
O governo Lula da Silva, no entanto, não demonstra a menor disposição em
enfrentar esse debate.
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, nem sequer
acredita que haja um déficit. Já o ministro do Trabalho, Luiz Marinho,
quer impedir o uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para
cobrir parcialmente o rombo da Previdência, redirecionando-os para políticas
públicas.
Outros pontos importantes no
editorial: "Se as regalias de várias categorias do serviço público causam
revolta, a maior ameaça à sustentabilidade da Previdência Social é a indexação
dos benefícios ao salário mínimo.
Com a política de aumentos reais transformada
em lei, o déficit da Previdência será crescente, ignorando os limites impostos
pelo arcabouço fiscal e comprimindo o reduzido espaço das despesas
discricionárias, inclusive dos investimentos públicos.
VALOR