PERSPECTIVA SEMANAL


Revisão altista do PIB 2025 em meio à resiliência da atividade econômica
 

O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, divulgado na última sexta-feira (30), surpreendeu negativamente no número cheio, mas não altera o diagnóstico de uma economia resiliente. 

A composição dos dados reforça a leitura de uma desaceleração aquém do esperado, com destaque para a demanda doméstica ainda firme. Estamos, portanto, diante da perspectiva de mais um ano com atividade acima das projeções iniciais.

O mercado de trabalho segue aquecido, como mostram os dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). 

A taxa de desemprego da PNAD atingiu o menor nível da série histórica iniciada em 2012, e a massa de rendimentos continuou a crescer, sustentando o consumo das famílias.

O crédito dá sinais de moderação, mas permanece em patamar elevado. O impacto da política monetária contracionista tem se manifestado, principalmente, nas taxas de juros, enquanto as concessões seguem relativamente firmes. 

Em paralelo, a mudança regulatória no consignado privado — que amplia o acesso ao crédito para trabalhadores formais — tem o potencial de suavizar a transmissão da política monetária. Embora seja uma medida estruturalmente positiva, ela reduz o impacto contracionista no curto prazo.

No campo fiscal, enquanto o debate público se concentra em medidas de maior porte, diversas ações já implementadas — muitas por fora do Orçamento — vêm atuando para sustentar a renda disponível das famílias. 

Entre elas, destacamos:
    •    A liberação de saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) retidos de trabalhadores do saque-aniversário;
    •    A expansão do consignado privado;
    •    A ampliação do Minha Casa, Minha Vida para faixas de renda mais altas;
    •    A reformulação do vale-gás;
    •    A nova tarifa social de energia elétrica, com isenção para 16 milhões de pessoas.

Adicionalmente, há estudos sobre novos programas com potencial expansionista, como linhas de crédito para reformas domiciliares de baixa renda, iniciativas voltadas a trabalhadores por aplicativo, e uma nova modalidade de crédito com uso de transferências via Pix como garantia.

Com isso, revisamos nossa projeção de PIB de 2025 de 2% para 2,5%, e a de 2026 de 1,8% para 2%. Estimamos que essas medidas já implementadas respondem por pelo menos 0,5 ponto percentual no PIB de 2025. 

Para 2026, além da inércia das iniciativas atuais, consideramos também o impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF).

O cenário segue marcado por uma economia que opera acima do seu potencial, o que sustenta a pressão sobre a inflação à frente. A combinação entre atividade aquecida e estímulos pontuais reforça a necessidade de uma política monetária vigilante, com juros elevados por um período mais prolongado.

 

Dados do mercado de trabalho nos EUA, inflação na Zona do Euro, e indústria no cenário local

Nos Estados Unidos, analistas se concentram principalmente na divulgação do Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTS), na terça-feira (3), e do Payroll, na sexta-feira (6). 

Para o JOLTS de abril, a mediana das expectativas do mercado aponta para a abertura de 7,1 milhões de novas vagas, número marginalmente inferior às 7,192 milhões observadas em março. 

Já o Payroll de maio deve registrar a criação de 128 mil novos postos de trabalho fora do setor agrícola, enquanto, no setor privado, a abertura projetada é de 115 mil vagas — ambos significativamente abaixo dos resultados do mês anterior (177 mil e 167 mil, respectivamente). 

 Adicionalmente, ao longo da semana, o Instituto ISM publicará suas pesquisas sobre Indústria e Serviços. 

A primeira será divulgada na segunda-feira (2), com expectativa de 49,2 pontos para maio, frente aos 52,3 registrados em abril. A segunda será publicada na quarta-feira (4), com projeção de 52,0 pontos, acima dos 51,6 observados no mês anterior.

Na Zona do Euro, o destaque da agenda de dados desta semana é a divulgação da prévia da Inflação ao Consumidor de maio, na terça, além da Inflação ao Produtor de maio, e da Taxa de Depósitos, ambas na quinta-feira (5). 

Por fim, na sexta-feira, serão divulgadas as Vendas no Varejo de abril e o PIB do primeiro trimestre de 2025. 

A Inflação ao Consumidor deve permanecer estável, com variação de 0,0% M/M, após alta de 0,6% M/M em abril. Quanto ao Núcleo da Inflação, a expectativa é de variação interanual de 2,5%. 

A Inflação ao Produtor deve apresentar uma queda expressiva de -1,8% M/M, ainda mais acentuada do que a observada em abril, quando caiu 1,6% M/M. 

Em relação às Vendas no Varejo, a expectativa entre os analistas é de uma melhora em relação a março (0,2% M/M, ante -0,1% M/M). 

Na variação anual, o índice deve permanecer estável, em 1,5% A/A. Por fim, a expectativa para o PIB é de um leve fortalecimento da atividade no trimestre (0,4% T/T, ante 0,3% T/T), com resultado em linha na comparação interanual (1,2% A/A).

Na China, o destaque é a divulgação dos PMIs Caixin de maio ao longo da semana. O PMI Industrial deve indicar 50,7 pontos, ante 50,4 registrados no mês anterior, enquanto o PMI de Serviços é projetado em 51,0, frente aos 50,7 computados em abril.

No Brasil, analistas estarão atentos à divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), na terça-feira. A expectativa do mercado é de um crescimento de 0,4% M/M em abril, abaixo do resultado observado em março, de 1,2% M/M. 

 Na comparação interanual, a PIM deve apresentar expansão de 0,6% A/A. Ademais, na sexta-feira, será divulgado o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, com projeção de queda de -0,68% M/M, frente à alta de 0,30% no mês anterior, e de 6,45% A/A no acumulado de 12 meses
 






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