Afinal, previdência privada vale
a pena?
Dois
fatores justificam investidores milionários aplicarem nestes produtos.
Ninguém
precisa necessariamente ter previdência privada, assim como você também não
precisa comer carne vermelha. Assim como muito investimento em previdência pode
ser ruim, não ter nada pode deixar você sem alguns benefícios.
Vejo
alguns falando mal do produto, mas, pode ter certeza, quem fala mal desconhece
os benefícios.
Antes
de falar dos dois principais benefícios, vamos começar com o que não faz muito
sentido. Neste caso, há três situações críticas e que precisam ser ponderadas:
I) Se você acredita que a possibilidade de você falecer nos próximos 10 anos é
baixa, você não deve ter grande participação de seus investimentos em
previdência privada. Assim, caso você possua muita exposição de seus
investimentos em previdência privada, uma análise deve ser feita para avaliar
se faz sentido reduzir;
II) Se você aplica no mesmo plano de previdência privada por mais de 6 anos e
ele é de renda fixa, corra para avaliar a portabilidade para outro.
Possivelmente, você tem um plano caro;
III) Se seu fundo de previdência privada é de renda fixa simples, referenciada
ao CDI e possui taxa de administração maior 1% ao ano, você deve avaliar se
realmente o retorno não está abaixo do CDI há muitos anos e, portanto, uma
portabilidade deve ser considerada;
Então,
para quem um plano de previdência privada pode ser útil?
Eu
tenho 15% de meus recursos em planos de previdência privada. Tenho 49 anos e
por mais de 20 anos, ganhei salário como qualquer trabalhador CLT.
A
aplicação em plano do tipo PGBL para mim trouxe dois benefícios:
1) me fez economizar muito imposto e ainda faz até hoje, pois adiou o pagamento
no passado, vou pagar apenas 10% de IR no futuro em vez de 15% nas aplicações
tradicionais, não há come cotas, nem qualquer pagamento de IR até que eu saque.
Sem dúvida foi muito bom ter investido.
2) O veículo de previdência é extraordinário em sucessão patrimonial. Não sou
mais tão jovem. Caso algo ocorra comigo, esta parte de meu patrimônio já vai
para os herdeiros não passando por inventário, ou seja, reduzindo custos e
burocracia.
Estes 15% facilitarão o processo de inventário do restante do
patrimônio. Atualmente, no Brasil dificilmente você irá pagar menos de 5% do
patrimônio no inventário, pois só de ITCMD já vai pelo menos 4% e em alguns
estados 8% do patrimônio.
Estas
são as duas justificativas para se ter previdência privada: economia de IR, ou
seja, planejamento fiscal e sucessão.
Tanto produtos do tipo PGBL, quanto VGBL
teriam estas vantagens, mas os do tipo PGBL só devem ser usados para quem faz a
declaração de imposto pelo modelo completo e dentro do limite de 12% da renda
bruta tributável.
Se
você não se preocupa com nenhuma destas duas razões, então, previdência privada
não é para você.
Sempre
digo que se os milionários fazem algo, isto deve ter algum fundamento. Afinal,
eles não chegaram lá desperdiçando oportunidades.
Os
milionários ou possuem a estrutura de fundo exclusivo ou possuem previdências
privadas, quando não possuem os dois produtos para usufruir de benefícios como
os que citei acima. Todos eles se preocupam em pagar menos IR e com sucessão de
seus bens.
Entretanto,
eles não aplicam em qualquer produto de previdência.
Portanto,
sim, vale a pena ter previdência privada, mas não qualquer uma. Como qualquer
investimento, escolher bem o produto é tão importante quanto decidir pelo
produto.
FOLHA DE SÃO PAULO