CRISE ENERGIA


Aneel autoriza reajuste de tarifas de Angra após pressão do governo

Agência aprova aumento de 39,8% na energia produzida pelas usinas nucleares e tenta criar mecanismos para evitar tarifaço em 2022

No momento em que o governo lança um novo programa de refinanciamento de distribuidoras para evitar aumento de custos para os consumidores, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) concedeu, nesta terça-feira (14), um aumento de 39,8% na energia produzida pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2.

Com o reajuste, a tarifa de Angra 1 e 2 será de R$ 349,15 por megawatt-hora (MWh) a partir do próximo ano, contra R$ 249,64 por MWh neste ano. 

O novo valor entra em vigor a partir de 1º de janeiro. 

O preço de referência da energia no mercado hoje é de cerca de R$ 190 o MWh.

A nova tarifa será aplicada por índices diferentes para cada distribuidora e varia de acordo com a quantidade de energia que cada uma delas compra da Eletronuclear, que controla as duas usinas. 

A alta média, no entanto, será de 0,75%, segundo a Aneel.

Boa parte da alta da tarifa das usinas de Angra se deve ao déficit gerado em anos anteriores decorrentes da diferença entre a tarifa cobrada e os custos da usina, que foram superiores no momento de alta do preço do combustível usado para a geração da energia.

Com esse reajuste, o governo terá de lidar com mais pressão sobre os preços da energia, especialmente para os grandes consumidores (indústrias). 

O insumo já é o que mais pesa na cesta utilizada para o cálculo da inflação medida pelo IPCA.

Como o reajuste era inevitável, a Aneel vem avaliando outras formas de amenizar o impacto da alta de custos de geração nas tarifas no próximo ano. 

Existe pressão do governo de Jair Bolsonaro para evitar um tarifaço durante a campanha em que o presidente tentará a reeleição.

Nesta semana, depois de meses de espera pelo mercado, o governo editou uma nova medida provisória com uma segunda rodada do prometido socorro financeiro às distribuidoras. Esses empréstimos serão incorporados na conta de luz dos consumidores nos anos seguintes.



FOLHA DE SÃO PAULO
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