Plano de
saúde sobe quatro vezes mais que a inflação em 2020.
Convênios que têm reajuste controlado pela ANS subiram 8,14%; inflação
até outubro ficou em 2,2%.
Os custos dos planos de saúde têm pressionado o orçamento dos
brasileiros, especialmente na pandemia.
Os números mostram que o reajuste dos
convênios em 2020 superou em quatro vezes a inflação.
De janeiro a outubro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo) subiu 2,2%. Já o aumento autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar) para os planos cujos reajustes são controlados
foi de 8,14%.
O percentual foi aplicado aos planos individuais e familiares
contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à lei nº 9.656/98.
Os demais convênios não têm a alta acompanhada pela agência, o que faz
com que seus preços subam conforme negociação entre a operadora e seus
clientes.
Para o advogado Rafael Robba, especializado em direito à saúde do
escritório Vilhena Silva Advogados, falta transparência sobre os reajustes.
“Onde estão os critérios que levam a agência a chegar a 8% e os planos
coletivos a terem índices que chegam a ser o dobro?”, questiona ele.
Neste ano, a agência chegou a suspender o reajuste de parte dos convênios,
como medida para amparar os clientes de planos na pandemia.
A ação surtiu
efeito no IPCA, mas não deve aliviar o bolso dos cidadãos. “Essa determinação
não resolveu o problema, só adiou. Em janeiro, o consumidor vai ter que pagar a
dívida”, diz ele.
Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde (federação do setor)
afirma que “é um erro comparar a variação dos custos da saúde aos índices
gerais de preços, ou seja, à inflação ao consumidor”, porque a inflação médica
é composta de outros itens, que sobem mais e pressionam os custos da área de
saúde.
O mesmo posicionamento tem a ANS sobre a questão. “Conforme ocorre em
outros países, os preços dos serviços de saúde tendem a crescer acima da média
dos demais preços da economia”, diz a agência, em nota.
O que diz a ANS
- A agência afirma que tecnicamente não é correto comparar reajuste
de plano de saúde com a inflação
- O motivo, segundo o órgão, é que o aumento dos planos considera
índices de valor do próprio setor
- O órgão diz ainda que como ocorre em outros países, os preços dos
serviços de saúde tendem a crescer acima da média dos demais preços da
economia
Dentre os itens levados em conta para elevar o valor dos planos estão:
- Aumento da frequência de uso
- Elevação de preços dos procedimentos como consultas, exames e
internações
- Inclusão de novas tecnologias
AGORA