Inflação coloca investidores e bancos centrais em
alerta.
Alta
dos preços dá uma prévia ao mercado sobre os riscos que os aguardam.
Em suas três décadas como investidor em títulos,
Jim Leaviss testemunhou muitos alarmes falsos sobre o retorno de uma das
maiores ameaças ao mercado de títulos de dívida: a inflação.
Mas na
quarta-feira (12), quando surgiu em sua tela o número do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos —mostrando
uma alta anualizada de 4,2%— ele sentiu a chegada de uma nova era aos mercados
financeiros.
“Sempre foi correto manter o ceticismo quando
alguém diz que este é o ano em que a inflação vai voltar.
Mas pela primeira vez
é possível afirmar que agora é diferente”, diz Leaviss.
“A pandemia pode ser o
terremoto sistêmico que muda o panorama de inflação ao qual nos acostumamos nos
últimos 30 anos”.
Uma disparada da inflação no verão [do hemisfério
norte] seria inevitável de qualquer maneira, quando as medidas de lockdown
começassem a ser relaxadas: um ano atrás, a expansão do contágio pela Covid-19
derrubou economias em todo o planeta, causando queda severa nos preços das
commodities, e chegou a derrubar o preço de um barril de petróleo nos Estados
Unidos para abaixo de zero.
Os dirigentes de bancos centrais —especialmente
os do Federal Reserve, o banco central dos
Estados Unidos— têm insistido vigorosamente que o surto atual de aumentos de
preços é temporário e não os levará a desmontar antes do previsto as maciças
ações de estímulo monetário que adotaram no ano passado a fim de combater as
consequências da pandemia.
Essas garantias, no entanto, não impediram
número crescente de investidores de se enervarem com a possibilidade de que uma
onda de pressões inflacionárias cada vez mais forte coloque em teste a
determinação das autoridades econômicas.
FOLHA DE SÃO PAULO