Inteligência
Artificial para o monitoramento da saúde
Com o advento da pandemia COVID-19 e a necessidade de
isolamento social para enfrentar a disseminação do vírus entre a população,
muitas empresas adotaram o teletrabalho ou trabalho remoto como organização de
seus métodos de trabalho.
A adoção do trabalho remoto acelerou a
transformação digital de empresas, escritórios esvaziados, prédios inteiros
foram desocupados, no Brasil grandes empresas públicas ou privadas planejaram
reduzir o número de prédios corporativos e reorganizar suas estruturas
prediais.
Essa migração dos ambientes corporativos para a
casa do trabalhador trouxe alguns benefícios, como a possibilidade de maior
interação com a família e menos tempo gasto no deslocamento para o local de
trabalho.
No entanto, a digitalização forçada de processos produtivos e
organizacionais levou a um alto uso de ferramentas de comunicação via web,
usando smartphones e laptops e, em alguns casos, empresas que permitem que os
funcionários levem os desktops corporativos para casa.
O trabalho remoto combinado com o isolamento social
decorrente da pandemia trouxe danos mentais ou físicos ocupacionais aos
profissionais, a ausência de interações físicas é uma causa de situações
estressantes, podendo trazer problemas à saúde mental e física.
Esses riscos
são aumentados, pois os profissionais têm que lidar com os desafios inerentes
ao seu trabalho, além de novas formas de interações com colegas e clientes e
estar sozinhos para lidar com isso.
A Organização Mundial da Saúde previu que no Brasil
em 2020 seria o país com mais casos de depressão no mundo do trabalho.
A
possibilidade de aplicação da inteligência artificial para mitigar riscos como
doenças mentais ocupacionais decorrentes do isolamento social vem de sua
abordagem multidisciplinar, como descrito anteriormente.
Ela tenta atribuir
habilidades humanas de observação, análise e tomada de decisão a computadores
condicionados pela afeição e emoção.
Trata-se de um tema que busca melhorar a
relação homem-máquina e as ações decorrentes dessa relação.
Para realizar esse monitoramento remoto e permitir
que a empresa tenha atitudes proativas na mitigação do risco de doenças
ocupacionais decorrentes do isolamento social, podemos citar o processamento da
fala emocional, expressão facial, gesto e movimento corporal, todos esses dados
de forma não invasiva somente através do acompanhamento pelo funcionário das
atividades cotidianas características do trabalho remoto, reuniões por
ambiente web com captura de voz e imagem de onde é possível extrair essas
características mencionadas acima.
O desenvolvimento de um modelo de inteligência
artificial e o uso dele devem ser baseados em princípios éticos e que atendam
aos requisitos de explicabilidade, onde os cientistas que o desenvolveram são
capazes de explicar a tomada de decisão.
Dos três campos de pesquisa citados, o
processamento da fala já possui pesquisas que podem diferenciar características
emocionais de fala e som ambiente.
O Google anunciou recentemente um serviço
que separa o áudio do som e da voz falada. No campo da expressão facial há
estudos desde Ekman com as 6 emoções básicas, alegria, raiva, surpresa, nojo,
medo e tristeza.
Estudos evoluíram nesse campo específico, bem como novos
métodos e abordagens.
Nós, seres humanos, somos multimodais nas
interações, falamos, escrevemos, olhamos, ouvimos, usamos linguagem verbal e
não verbal, cheia de significados.
Assim, o multimodel deve considerar todos
esses aspectos para a compreensão do afeto/emoção na interação
homem-computador.
Podemos adicionar alguns sensores que ajudam a compor um
sistema multimodel para análise, sensores como medidores de frequência
cardíaca, temperatura corporal, nível de oxigênio no sangue.
Os caminhos já estão indicados, a inteligência
artificial é mais do que identificar se a frase em um post nas redes sociais ou
chat é positiva, neutra ou negativa e determinando que esta é uma análise do
sentimento em relação a um produto, serviço ou relacionamento.
Em diversos
campos da vida humana, a inteligência artificial pode ser aplicada e ainda há
muito a evoluir no desenvolvimento de soluções que ajudem empresas e pessoas a
terem uma vida mais saudável e previnem doenças resultantes do ambiente de
trabalho.
JAIR OTHARAN NUNES - team Manager in Artificial Intelligence at Banco do
Brasil
FUTURO DOS NEGÓCIOS