O fundo
de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) é a terceira
maior entidade de previdência fechada do País, com R$ 59 bilhões de ativos, 100
mil participantes ativos, 183 mil dependentes e quase 40 mil já assistidos,
conforme dados de setembro de 2016 da associação dos fundos (Abrapp). Teve
déficit atuarial (diferença entre o patrimônio e o que terá de ser pago a todos
os participantes, até o fim da vida) acumulado desde 2012 de R$ 18 bilhões, dos
quais cerca de R$ 3 bilhões nos primeiros 11 meses de 2016. O ônus recairá, em
partes iguais, sobre a CEF e sobre os participantes, inclusive os já
assistidos. É um custo não só de gestão duvidosa, mas de práticas
desaconselháveis que só recentemente passaram a ser corrigidas.
Reportagem
do Estado mostrou que entre os maiores investimentos da Funcef em 2015 estavam
ações da Vale, da Invepar, da Eldorado Celulose (do Grupo Odebrecht), da Norte
Energia (Belo Monte), da Desenvix e da Sete Brasil, que já dera R$ 1,7 bilhão
de prejuízo ao fundo. Houve boas e más aplicações. Governos petistas escolheram
diretores que apoiaram investimentos de risco, como na Sete Brasil, criada para
construir navios para a Petrobrás e que está em recuperação judicial com
dívidas de quase R$ 20 bilhões.
Diretores
e ex-diretores da Funcef tiveram a prisão decretada em 2016, por envolvimento
na Operação Greenfield, da Polícia Federal, que investigou a gestão dos fundos
de pensão. Gestão temerária – ou fraudulenta – já havia sido detectada em outros
fundos, como o Postalis, dos Correios, com rombo estimado em R$ 465 milhões
pelo Ministério Público Federal por operações realizadas entre 2006 e 2011.
O
presidente da Funcef, Carlos Vieira, disse ao Estado que a missão do fundo
mudou drasticamente. Em vez de estar “comprometido com o desenvolvimento do
Brasil”, a Funcef vai “administrar com excelência planos de benefícios para
promover segurança e qualidade de vida aos participantes”. É o que sempre
deveria ter feito.
Até hoje o passado traz incertezas para participantes
ativos e assistidos, que não tiveram bônus, só o ônus de fazer contribuições
adicionais para cobrir rombos atuariais.
O Estado de S. Paulo