O conselho de administração da BRF resolveu renovar o mandato de
Abilio Diniz na empresa. Na sexta-feira, os principais sócios da companhia de
alimentos montaram uma chapa que mantém o nome do empresário para mais um
período na presidência do conselho.
Essa chapa deverá ser referendada pelos acionistas em assembleia
geral convocada para 26 de abril, mas há a possibilidade de os minoritários
também lançarem seu candidato. Apoiam a manutenção de Abilio no cargo o fundo
Tarpon, maior acionista individual da empresa, que sempre esteve alinhado com a
Península, gestora de Abilio, os fundos de pensão Petros (Petrobrás) e Previ
(Banco do Brasil) e as famílias Furlan e Fontana, fundadoras da Sadia.
A BRF atravessa um momento conturbado. No ano passado, a empresa
registrou um prejuízo de R$ 372 milhões, o primeiro de sua história – a
companhia foi criada em 2009, com a fusão da Perdigão e da Sadia. Por conta
disso, a gestão que assumiu a gigante de alimentos em 2013 – com Abilio no
conselho e de Pedro Faria, egresso da Tarpon, na presidência executiva –
começou a ser colocada em xeque.
Segundo fonte próxima à companhia, o alinhamento dos interesses
dos blocos controladores teve início justamente com a atuação de Abilio após o
anúncio do prejuízo histórico. No dia 24 de fevereiro, quando divulgou o
balanço da empresa, o empresário anunciou a criação de um comitê de crise para
rediscutir semanalmente novos rumos para a empresa. “Abilio tem conduzido as
reuniões e nunca despendeu tanto tempo à companhia”, diz a fonte.
A deflagração pela Polícia Federal da Operação Carne Fraca, que
investiga corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais federais e afetou as
exportações de carne, foi outra motivação para reforçar o apoio a Abilio. A
união dos sócios teria sido um imperativo para a reação da companhia aos
estragos feitos pela operação.
Desde o anúncio do prejuízo, a BRF tem afirmado que não pretende mudar o
comando da companhia. O conselho de administração, porém, será bastante
modificado. Pela chapa apresentada agora, além de Abilio Diniz, ficam apenas
Luiz Fernando Furlan e Walter Fontana Filho, ex-herdeiros da Sadia, e José
Carlos Reis de Magalhães Neto, fundador da Tarpon. Seis novos integrantes devem
entrar.
O Estado de S. Paulo