ELEIÇÕES 1


Fake news sobre urnas, pesquisas e TSE dominam eleição de 2022.

Mentiras de 2018 focavam questões morais, como 'mamadeira de piroca'; agora, sistema eleitoral é um dos principais alvos.

A "mamadeira de piroca", notícia falsa que marcou a eleição de 2018, deu espaço em 2022 para denúncias infundadas sobre urnas e pesquisas eleitorais, conspirações sobre a TV Globo e a corte eleitoral e o boato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fechará igrejas caso eleito.

Em 2018, a campanha foi dominada por fake news ligadas a questões morais e de gênero, como a mensagem dizendo que mamadeiras com bico em formato de pênis tinham sido distribuídas em creches pelo PT e o boato da criação de um "kit gay" pelo então candidato à Presidência Fernando Haddad para doutrinar crianças.

Naquele ano em que a avalanche de notícias falsas surpreendeu os eleitores e as autoridades, montagens mostrando a ex-presidente Dilma Rousseff com o ex-ditador cubano Fidel Castro e acusações de terrorismo contra políticos também inundaram os grupos de WhatsApp, segundo levantamentos feitos pelas agências de checagem Lupa e Aos Fatos, pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e
pela USP (Universidade de São Paulo) na época.

Já em 2022, segundo mapeamento da Palver, empresa de tecnologia que monitora mais de 15 mil grupos públicos de WhatsApp, as mensagens desinformativas que mais viralizaram questionam de algum modo as urnas ou as autoridades eleitorais.

Uma das mais compartilhadas de 15 de agosto, início da campanha, a 15 de setembro dizia que o voto para presidente seria invalidado caso o eleitor não votasse para os outros cargos. 

Outra narrativa afirmava que o ex-delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz havia investigado as urnas eletrônicas e descoberto que o PT nunca teria vencido às claras no Brasil.

Na reta final para o primeiro turno, entre 5 de setembro e o dia 28, explodiu o volume de mentiras sobre o sistema eleitoral, pesquisas de opinião e ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Um dos conteúdos falsos de maior circulação dizia que as urnas já estavam sendo abertas e fraudadas em um sindicato ligado ao PT, em Itapeva: "Denúncia urgente! Bomba! Urnas eletrônicas sendo modificadas dentro do Sindicato do PT em Itapeva, São Paulo. 

A fraude sendo revelada antes da eleição".

Segundo a Palver, com base no número de usuários que receberam a mensagem na amostra, ao menos 130 mil pessoas foram expostas a ela.

Os boatos sobre a Globo, o STF e de uma suposta perseguição do PT a cristãos também ganharam tração na reta final. 

O Monitor de WhatsApp da UFMG apontou que, entre os 10 textos mais compartilhados no aplicativo, 3 diziam que Lula ataca cristãos e que fecharia igreja e prenderia pastores, o associando ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, ao demônio e a religiões de matriz africana.



FOLHA DE SÃO PAULO
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