Ciência está mais perto de abandonar testes em
animais.
Nova tecnologia que
usa órgãos humanos em miniatura construídos em laboratório é um passo na
direção de melhores tratamentos e o fim de uma prática controversa.
Os experimentos com animais têm sido a única maneira permissível de testar
se um medicamento é seguro e eficaz antes de fornecê-lo a pessoas na fase de
testes clínicos.
Mas sua confiabilidade irregular é demonstrada pela baixa taxa
de produtividade da indústria: muitos medicamentos eficazes em camundongos não
funcionam bem em humanos e vice-versa.
No câncer, as estatísticas são especialmente
duras: estudos mostraram que os tumoroides são cerca de 80% preditivos da
eficácia de um medicamento, superando em muito a taxa média de precisão de 8%
em modelos animais.
À medida que os cientistas aprendem melhor como a biologia
humana funciona, eles começam a entender a falta de confiabilidade dos modelos
animais.
A busca por alternativas se acelerou porque terapias inovadoras,
baseadas em genes e células humanas ou mesmo personalizadas para pacientes,
podem não funcionar em animais.
Embora não existam
números confiáveis para a maior parte do mundo sobre testes e experimentos em
animais, as estimativas sugerem que o total global é de mais de 100 milhões,
com poucas mudanças nos últimos anos, diz Kerry Postlethwaite, diretora de
assuntos regulatórios do grupo de pressão Cruelty Free International.
Os países europeus
publicam estatísticas detalhadas e, no Reino Unido, os pesquisadores realizaram
3,06 milhões de procedimentos em animais em 2021, um aumento de 6% em relação a
2020, embora bem abaixo do pico de 4,14 milhões alcançado em 2015.
Acadêmicos e
empresas farmacêuticas esperam que a tecnologia baseada em células humanas os
ajude a eliminar ratos e macacos de seus laboratórios.
FOLHA DE SÃO PAULO