Térmicas vão pressionar conta de luz em janeiro
mesmo com chuvas, diz CCEE.
Entidade
defende substituição de usinas mais caras para reduzir repasses ao consumidor.
O presidente da CCEE (Câmara Comercializadora de
Energia Elétrica), Rui Alitieri, afirmou nesta quarta (10) que, mesmo que as
previsões de chuvas para as próximas semanas se concretizem, o país ainda
precisará acionar térmicas em janeiro, com impactos na conta de luz dos brasileiros.
As projeções do setor elétrico indicam bons volumes
de chuvas nas próximas semanas, o que já vem provocando queda no valor das
negociações de eletricidade no mercado livre, chamado PLD (preço de liquidação
das diferenças).
Em duas semanas, o PLD para cargas leves no
subsistema Sudeste/Centro-Oeste, por exemplo, caiu de R$ 559,75 por MWh
(megawatt-hora) para R$ 206,85 por MWh. Houve queda abrupta em todas as classes
de consumo de todas as regiões, com a perspectiva de melhores chuvas.
Ainda assim, diz Altieri, o início do período úmido está atrasado.
Normalmente, ele explica, as primeiras chuvas caem em novembro, umedecendo o
solo para que as chuvas de dezembro se traduzam em maior vazão para os lagos
das hidrelétricas. É o chamado "período de transição".
"Este ano, [as primeiras chuvas] estão caindo
só agora", afirma. Com o atraso no período úmido, os reservatórios do
Sudeste/Centro-Oeste, principal caixa d'água do setor elétrico brasileiro,
estão com cerca de 16% de sua capacidade de armazenamento de energia, o pior
nível desde 2014.
Para poupar água, o governo vem acionando térmicas mais caras desde
outubro.
A estratégia levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a
recuar em decisão de maio que suspendia a cobrança de taxa extra na conta de
luz até o fim do ano.
A CCEE defende que o governo já preveja, no próximo
leilão de energia nova previsto para 2021 a substituição de usinas que estão
com contrato para vencer entre 2023 e 2025 por projetos com custo de energia
mais barato, considerando inclusive o gás natural do pré-sal.
Segundo a entidade, o consumo total deve fechar o ano em queda de 1,5% —em
maio, as projeções falavam entre 5% e 6%. Para 2021, a CCEE projeta alta de
3,4%.
FOLHA DE SÃO PAULO