PRECATÓRIOS


Precatórios se desvalorizam enquanto Congresso discute calote para aumentar gasto eleitoral.

Proposta que muda a Constituição afastou investidores e mais que dobrou deságio nas negociações com empresas e pessoas físicas.

Empresas e pessoas físicas que tentam negociar precatórios federais para antecipar o recebimento de dinheiro viram esses papéis se desvalorizarem diante da incerteza sobre como ficam esses pagamentos a partir de 2022.

Fundos, instituições financeiras e fintechs que entraram nesse mercado nos últimos anos e aumentaram a concorrência por esses ativos agora adotam posição de cautela diante da indefinição sobre a PEC dos Precatórios que tramita no Congresso.

Segundo pessoas que acompanham esse mercado, o deságio na negociação de precatórios federais passou de menos de 20% para até 40%. 

O receio se dá, principalmente, com dívidas de maior valor, uma vez que as menores terão prioridade na fila de pagamento.

Também chamada de PEC do Calote, a proposta apresentada pelo governo e que já foi aprovada por uma comissão especial da Câmara acaba com o pagamento regular dessas dívidas judiciais. 

Haverá um limite com base no gasto de 2016 (ano de criação do teto de gastos) corrigido pela inflação, o que reduz o valor do próximo ano de R$ 89 bilhões para cerca de R$ 45 bilhões.

A eventual aprovação da PEC levará a uma revisão das estratégias de investimento, por exemplo, com mais operações em que o risco é divido entre as duas partes ("profit sharing").

"Mais uma vez estão colocando a conta da ineficiência da máquina público no bolso de alguém, que são os detentores dos precatórios, sem mexer nos custos da máquina pública", afirma Rodrigo Moratelli, CEO da Veritas Capital. "Não era esse mercado de precatórios que tinha de ser atacado."



FOLHA DE SÃO PAULO
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