Aplicativos e redes sociais já somam 22% da evasão
tributária do varejo
Estudo
da McKinsey para o IDV indica que vendas de informais deixaram de arrecadar até
R$ 125 bi em tributos no ano passado
O varejo brasileiro deixou de pagar aos cofres
públicos de R$ 95 bilhões a R$ 125 bilhões em 2020 devido a transações sem nota fiscal de empresas e vendedores
individuais que atuam no setor, em especial em canais digitais.
A
estimativa consta de um estudo da consultoria global McKinsey, que foi
produzido para o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) e divulgado
nesta quarta-feira (10).
O estudo aponta ainda que a perda de arrecadação
ocorre principalmente nos segmentos de vestuários e calçados, seguidos de
alimentos e bebidas, farmácia e varejo de beleza e eletrônicos e celulares.
Considerando a evasão tributária circulante no varejo,
mas que não foi originada nele, a estimativa é que R$ 176 bilhões a R$ 225
bilhões deixaram de ser arrecadados no Brasil no ano passado, o que representaria
cinco vezes o orçamento anual de investimentos da União em infraestrutura.
O trabalho informal no Brasil tem crescido e já
representa 42% da força de trabalho, 20 pontos percentuais acima da média dos
países que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico).
Durante a pandemia, cerca de 40 milhões de brasileiros sem carteira
assinada e auxílio governamental foram caracterizados como "invisíveis" pelo
ministro Paulo Guedes (Economia).
Ao analisar todos os segmentos da economia, a
evasão ou não arrecadação pode ter alcançado até R$ 600 bilhões no ano passado,
segundo o estudo, quando cresceu a informalidade e o desemprego diante
da crise de coronavírus.
Segundo a pesquisa, quase metade (47%) dos entrevistados que
se declaram microempreendedores e MEIs (microempreendedores individuais)
afirmam ter receita acima do limite permitido em suas categorias tributárias;
25% dos MEIs dizem operar no varejo digital através de múltiplas empresas; e
10% dos vendedores admitem ter comprado produtos sem nota fiscal para revenda
online.
FOLHA DE SÃO PAULO