As
políticas de investimento adotadas pelas Entidades Fechadas de Previdência
Complementar em 2017 abrem espaço para um discreto aumento do risco a ser
assumido pelas carteiras. O volume alocado em renda variável aponta a
possibilidade de subir em média dois pontos percentuais, passando dos 5%
registrados no final de 2016 para 7% dos ativos totais das entidades este ano.
A constatação é do estudo comparativo feito pela Aditus junto às 115 EFPCs
acompanhadas pela consultoria.
A
pesquisa, que avaliou tanto o desempenho dos investimentos no ano passado
quanto as perspectivas para 2017, dividiu os 278 planos de benefícios
analisados, entre 121 planos BD, 86 CD e 71 CV, que somavam
aproximadamente R$ 202 bilhões em ativos mobiliários em 2016.
Perfil
mais agressivo - Além de refletir a mudança de expectativa frente à conjuntura
dos mercados este ano, com a redução da inflação e a queda dos juros,
praticamente forçando maior busca de rentabilidade por meio da aplicação
em ativos de maior risco, esse potencial de aumento da renda variável também
pode ser explicado pelo comportamento dos participantes dos planos. “Em 2016, a
valorização da bolsa acabou provocando uma migração dos participantes para os
perfis mais agressivos de risco nos planos que oferecem essa opção”, explica o
sócio da Aditus, Guilherme Benites.
A decisão
de ampliar os percentuais em renda variável, portanto, não mostra apenas uma
atitude deliberada dos gestores. Embora apenas um universo de 5% dos
participantes dos planos com perfis acabe fazendo movimentos de migração -
enquanto o restante prefere ficar parado no perfil inicial -, essas mudanças acabam
sendo relevantes para a estratégia global de investimentos dos planos, ressalta
Benites.
O
desempenho dos investimentos no ano passado, revela o estudo, deixou claro que
a gestão passiva de renda variável foi a que apresentou o melhor retorno, com
uma variação positiva média de 34,96% no ano, enquanto as carteiras com gestão
ativa de renda variável registraram ganho médio de 16,41%. O resultado era
previsível e um estudo paralelo da Aditus confirmou que a melhor coisa em 2016,
do ponto de vista da rentabilidade, foi apostar nas estratégias passivas de
bolsa.
“Essa
situação, entretanto, não deve permanecer inalterada este ano já que, da alta
de aproximadamente 38,93% do Ibovespa em 2016, cerca de 21% foram obtidos
graças às valorizações das ações da Vale e da Petrobras”, avisa Benites.
O
retorno, portanto, foi coincidente com essas apostas específicas e de alto
impacto nos índices gerais. Para este ano, a expectativa da consultoria é de
que o fechamento das taxas de juros possa provocar algum impacto na economia
real – independente do que ocorra no cenário político doméstico - e nesse
quadro as companhias mais focadas na atividade econômica poderão ganhar.
“Nesse ambiente, a tendência é de que cresça a procura por estratégias de
gestão ativa para as carteiras de renda variável”.
Estruturados - Com um
retorno médio positivo de 16,64% na amostra de planos pesquisados em 2016, os
fundos multimercados tendem a ser novamente a estrela do segmento de
investimentos estruturados em 2017, acredita Benites. Até porque os outros dois
veículos nessa categoria – Fundos de Investimento em Participações e Fundos de
Investimento Imobiliário – ainda não devem deslanchar. “A tendência é de que os
FIPs e FIIs tenham nova queda, o que ajudará a puxar para cima os
multimercados, prevalecendo principalmente os fundos macro, ou seja, com
apostas nos mercados de câmbio e juros”, afirma o consultor. Os FIIs
tiveram, na mediana das rentabilidades, ganho de 11,09% em 2016, com os FIPS
registrando retornos de 2,09% no ano.
Diário dos Fundos de Pensão