Grandes empresários criticam intenção eleitoreira
do governo.
Pedro
Passos diz que é absurdo país improvisar política social.
A investida do governo sobre o teto de
gastos para bancar o novo Bolsa Família de R$ 400, batizado de Auxílio Brasil, levanta preocupação de
grandes empresários que veem intenção eleitoreira e consequência
de pressão inflacionária.
Pedro Passos, cofundador da Natura, diz que é "um absurdo" o país estar improvisando uma
política social. Para o empresário, houve tempo suficiente para respeitar o
aspecto fiscal e construir uma política social estruturante, tanto na
transferência de recursos diretamente para as pessoas mais necessitadas, como
em educação, saúde e moradia.
"Acho que estamos diante de uma agenda
eleitoreira e não estamos fazendo a política social correta, sob o risco de
prejudicar ainda mais a população com volatilidade, que empurra o dólar para
cima e, portanto, gera inflação, gera mais problema para os mais
desprovidos", diz Passos.
Roberto
Klabin, acionista da Klabin, afirma que o problema no Brasil é político e
atrasa outras agendas que poderiam ser positivas.
"Graças a esses programas sociais é que
conseguimos fazer com que esse país não fosse a revolução, destruição, pobreza
máxima. Essas políticas sociais são muito importantes.
Agora, a discussão
atual, pelo que eu entendo, é muito mais política do que de aliviar essas
questões. Estamos falando de uma política que implica dar esses recursos porque
tem uma eleição pela frente.
Esse é o problema do Brasil, populismo, a
utilização desses mecanismos de sustentação social para reeleição, eleição,
seja lá que for", afirma.
O ex-ministro
Luiz Fernando Furlan (BRF) diz que agora deveria ser o momento de exaltar
os efeitos positivos da vacinação no
combate à pandemia em vez
provocar turbulência nos mercados e insegurança nas empresas.
"Às vezes, eu tenho dúvida se as
autoridades que falam de assuntos econômicos têm noção do impacto que isso faz,
de gente que perde dinheiro e ganha dinheiro com dólar subindo ou caindo, Bolsa
se mexendo. E agora é uma época do ano muito importante porque as empresas
estão fazendo orçamentos e planos para o ano que vem.
É a partir daí que vai
ter investimento, expansão, contratação.
Então, eu, se fosse governo, pensaria
duas vezes antes de ficar jogando balão de ensaio na imprensa, e dá essa
turbulência toda. Não é bom, nem para o governo nem para a economia nem para o
cidadão", afirma.
Para encontrar espaço nas contas para o Auxílio
Brasil, o governo avalia a revisão do teto de gastos com mudança na correção do limite de despesas
federais.
As alterações, que incluem o adiamento de precatórios, abririam mais de R$ 80 bilhões no Orçamento de 2022,
quando Bolsonaro tentará a reeleição.
FOLHA DE SÃO PAULO