PERSPECTIVA SEMANAL


Copom deve manter Selic estável e reforçar estratégia de juros elevados por período bastante prolongado

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira em um ambiente de inflação corrente mais benigna, câmbio comportado e leve melhora nas expectativas — ainda que essa melhora seja incipiente. 

O processo de desinflação avança, mas o cenário segue desafiador para uma convergência plena da inflação à meta, sobretudo diante de um mercado de trabalho aquecido e de incertezas no campo fiscal.

No cenário internacional, a recente escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil — com a imposição de tarifa de 50% sobre exportações — adiciona volatilidade ao ambiente externo. 

Internamente, os sinais de desaceleração da atividade existem, mas ainda são sutis, o que exige atenção redobrada na condução da política monetária.

Nosso cenário base é de manutenção da Selic, com o Banco Central reforçando a estratégia de juros elevados por um período bastante prolongado, conforme já sinalizado na comunicação anterior. 

A autoridade monetária deve reiterar que eventuais flexibilizações só ocorrerão quando houver confiança suficiente de que os riscos estão mitigados e que a inflação convergirá para a meta.

Reconhecemos, no entanto, uma assimetria para uma comunicação lida como um pouco mais dovish pelo mercado — caso o comitê destaque de forma mais assertiva a melhora do balanço de riscos e o avanço do processo de desinflação. 

Nesse caso, a leitura pode ser de que o Banco Central estaria iniciando um processo de preparação para ajustes futuros, ainda que esses não estejam no radar imediato.

Reuniões de bancos centrais para a decisão de suas respectivas taxas de juros; bateria de divulgações significantes nos EUA; indicadores de inflação e PIB na Europa; índices de atividade e mercado de trabalho no Brasil.

Nos Estados Unidos, esta será uma das semanas mais movimentadas, com a divulgação dos três principais indicadores monitorados pelo Federal Reserve. 

Na terça-feira (29), serão publicados a prévia de junho dos Estoques no Atacado, o Índice FHFA de Preços de Casas referente a maio, o relatório JOLTS e o Índice de Confiança do Consumidor do Conference Board, ambos relativos a julho. 

Para o JOLTS, o mercado projeta a abertura de 7,55 milhões de vagas de trabalho em junho. Já a pesquisa de Confiança do Consumidor deve apresentar melhora em relação ao mês anterior, atingindo 96 pontos. Na quarta-feira (30), o comitê de política monetária do Federal Reserve (FOMC) se reunirá para decidir a taxa de juros dos EUA.

A expectativa do mercado, e da SulAmérica Investimentos, é de manutenção da taxa no patamar atual. No mesmo dia, serão divulgados o relatório ADP de emprego de julho, que deve indicar a criação de 80 mil postos de trabalho, e o PIB anualizado do segundo trimestre. 

Na quinta-feira (31), a agenda contempla os dados de Renda e Consumo de junho. A projeção é de crescimento de 0,2% da Renda Pessoal na comparação mensal, enquanto o Consumo deve avançar 0,4%, após a retração de 0,1% registrada em maio. 

Também serão divulgados o Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE) de junho. 

Encerrando a semana, na sexta-feira (01), será divulgado o Relatório de Emprego (Payroll) de julho, a Taxa de Desemprego de julho e o Índice ISM de Manufatura. 

A expectativa para o Payroll é de criação de 101 mil vagas fora do setor agrícola, e de 100 mil no setor privado. 

A taxa de desemprego deve apresentar leve aceleração, passando de 4,1% em maio para 4,2% em junho, enquanto o ISM manufatureiro deve subir de 49,0 para 49,5 pontos.

Na Europa, os holofotes estarão voltados para os dados preliminares de inflação e crescimento. 

Na quarta-feira, serão divulgados os números do PIB do segundo trimestre da Zona do Euro, Alemanha e França, além da Confiança do Consumidor de julho no bloco e das Vendas no Varejo de junho da Alemanha. 

Na quinta-feira, sairão a prévia do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na Alemanha e a Taxa de Desemprego da Zona do Euro, ambos de julho. 

Por fim, na sexta-feira, serão publicados os PMIs Industriais e a prévia da Inflação do Consumidor do bloco europeu de julho.

Na Ásia, o foco estará na decisão de política monetária do Japão e nos indicadores de atividade da China. 

O grande destaque da região será a reunião do Banco do Japão (BoJ), na quarta-feira. 

A partir de quinta-feira, a China divulgará seus PMIs de julho, que funcionarão como termômetro para avaliar a saúde da segunda maior economia do mundo.

No Brasil, o grande destaque da semana é a decisão de política monetária do Banco Central, marcada para quarta-feira. 

A expectativa da SulAmérica Investimentos é de manutenção da Selic no atual patamar de 15,00%. No mesmo dia, será divulgado o IGP-M de julho, com a expectativa da casa em -0,76%. 

A agenda da semana inclui ainda a Taxa de Desemprego (PNAD) de junho, na quinta-feira, e a Pesquisa Industrial Mensal de junho, na sexta-feira, que ajudarão a traçar um panorama mais claro do mercado de trabalho e da atividade econômica do país



SULAMERICA INVESTIMENTOS
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br