O bê-a-bá do Mercado de Ações


Com a queda na taxa de juros e o bom desempenho da Bolsa de Valores, tem muita gente pensando em investir em ações, mas não sabe por onde começar. Seja prudente: investidor com baixa tolerância a risco, acostumado com a renda fixa, pode não gostar nem um pouco do incerto e volátil mercado de ações.

Quem está em busca de maior rentabilidade deve estar disposto a correr mais risco, um risco diferente. Se na renda fixa o risco predominante é o de crédito, já que se trata de um mercado de dívidas (empréstimos entre duas partes), na renda variável o risco predominante é o de mercado, flutuação no preço das ações.

No mercado de renda fixa, o investidor recebe juros pelo empréstimo que faz. Na renda variável, o investidor não empresta dinheiro para a empresa, mas torna-se sócio dela. Pode receber dividendos e juros sobre capital próprio enquanto mantém a posse das ações, de olho no ganho de capital quando decidir vendê-las por um preço superior ao de compra.

A complexidade desse mercado é muito superior à do mercado de renda fixa. Por essa razão, creio que a primeira decisão a tomar é se você investirá sozinho, por conta própria, ou se investirá coletivamente, por adesão a fundos de investimento.

Para investir individualmente, basta abrir uma conta em uma corretora de valores e começar a operar, quando estiver preparado para fazer isso. Se decidir investir coletivamente, faça uma boa pesquisa para encontrar um fundo com política de investimento semelhante à que tem em mente.

Não vá com muita sede ao pote. Invista somente uma pequena parte do capital disponível. Comece com 5% (ou menos) para testar o mercado e aprender com a experiência. Será um bom exercício de autoconhecimento também. Você pode achar que o mercado de ações é sua praia e descobrir que não se sente à vontade com tanta turbulência.

Invista recursos de longo prazo, superior a cinco anos. Embora a liquidez seja diária, sendo possível vender as ações ou resgatar cotas de fundos a qualquer momento, talvez seja necessário esperar alguns meses ou anos para colher o resultado esperado.

Para acompanhar o desempenho do mercado acionário, conheça o Ibovespa, índice de referência mais conhecido, que mede a variação média dos preços dos papéis que compõem sua carteira teórica, os mais negociados no mercado. Existem outros índices com critérios distintos do Ibovespa. A B3 é uma ótima fonte para aprender sobre eles.

No mercado de ações não existe proteção, garantia contra perdas. Diversificar é a única e melhor forma de reduzir riscos. E, quanto menor for a correlação entre as ações da carteira, tanto melhor. Os riscos que afetam as empresas de determinado setor não afetam, necessariamente, empresas de outros setores.

Parte do risco, conhecido como risco sistemático, não é diversificável. Fatores econômicos e políticos, locais e internacionais, afetam o conjunto das ações negociadas no mercado. Para o bem ou para o mal, provocando a alta ou queda generalizada dos preços.

Quem optar por investir sozinho precisa conhecer, também, a tributação dessas aplicações. Ao investidor compete apurar o ganho de capital líquido e recolher o Imposto de Renda de 15%, no mês subsequente. Na declaração de ajuste anual do Imposto de Renda, deve consolidar todas as transações realizadas durante o ano.

A boa notícia é que são isentos do Imposto de Renda os ganhos auferidos em venda (direto na Bolsa) cujo valor não exceda R$ 20.000 por mês. Perdas podem ser compensadas de ganhos futuros, assim o investidor só tributa o ganho de capital líquido, depois de descontar os custos operacionais e eventuais perdas em operações anteriores. Os fundos de ações cobram IR de 15% no resgate das cotas.

E lembre-se de rebalancear sua carteira periodicamente. Para manter a carteira balanceada, com 10% em ações, por exemplo, você venderá quando os preços subirem (lucro no bolso) e comprará mais quando os preços caírem, ampliando a chance de recuperar as perdas.



Marcia Dessen, jornal FSP
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