Lula x Bolsonaro: mercado financeiro tem candidato
favorito à Presidência?
Eleições em 2022
não têm sido um fator de estresse para mercados como foram em anos anteriores.
Luis Stuhlberger,
uma espécie de lenda do mercado financeiro brasileiro, gestor do fundo que há
duas décadas é um dos mais rentáveis do país, disse em um evento no dia 20 de setembro que,
em caso de vitória, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente
não será radical, o que seria positivo para o mercado.
No painel organizado
pela bolsa brasileira, a B3,
e a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais), a uma plateia de executivos de mercado, o gestor afirmou que "um
aceno moderado do PT", em caso de vitória do partido, "é suficiente
para trazer mais investidores estrangeiros" ao país, conforme reportagem publicada pelo
portal Valor Investe, do jornal Valor Econômico.
A opinião do gestor
talvez expresse um sentimento compartilhado por parte de seus colegas da Faria Lima,
a região de São Paulo que concentra um pedaço do capital do país e virou
símbolo do mercado financeiro brasileiro.
A reportagem da BBC News Brasil pediu aos professores da FGV
(Fundação Getulio Vargas) Claudia Yoshinaga (FGV-EAESP) e Henrique Castro
(FGV-EESP), donos do perfil Finance_Br no Instagram, que avaliassem o comportamento de dois indicadores
que costumam oscilar bastante durante o período eleitoral: o câmbio e o índice
Ibovespa da bolsa de valores.
Os professores
colheram informações sobre a volatilidade e a taxa de retorno desses dois
preços em todas as seis eleições do século 21, de 2002 para cá.
E ainda que a
comparação não seja uma medida perfeita —já que a cotação das ações que compõem
o Ibovespa e a do dólar são influenciadas por uma série de fatores— os
resultados sinalizam que, de fato, as eleições presidenciais não têm sido em
2022 um fator de estresse como foram em anos anteriores.
Tomando a média
anualizada de agosto e setembro, a volatilidade do Ibovespa foi a menor entre
os períodos analisados —19,1%, contra 36,6% em 2002, às vésperas da primeira
vitória de Lula, quando a bolsa subia e descia ao sabor da divulgação das
pesquisas de intenção de voto.
Os resultados da
análise para o dólar são semelhantes: 2002 foi o período eleitoral em que a
taxa de câmbio mais oscilou, com uma volatilidade média anualizada de 33,2% nos
meses de agosto e setembro.
Passando da
volatilidade para o retorno, a análise observou que, neste mês de setembro
(acumulado até dia 22), o dólar oscilou 0,2% para baixo e a bolsa subiu 4,1%.
Nas eleições de
2018, na mesma comparação, o dólar encolhia 3,2% e a bolsa subia menos, 3,4%.
O
pior resultado, assim como nas demais comparações, é de 2002: o dólar subiu
25,4% e a bolsa despencou 18,6%.
FOLHA DE SÃO PAULO