Qualidade
de gestão é sempre algo fundamental, mas ninguém seria capaz de colocar em
dúvida que isso é ainda mais importante em uma atividade como a previdência
complementar fechada, onde gestores e processos qualificados são a base da
necessária confiança que deve existir em uma relação entre entidade e
participante que se estende por décadas. Especialmente por isso merece ser
notado o terceiro lugar conseguido pelo sistema brasileiro em um ranking,
divulgado agora pela OCDE - Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação
Econômica, que traz a rentabilidade real em um universo de nada menos de 50
países.
À frente
do Brasil, que alcançou no ano passado o terceiro lugar com uma rentabilidade
de 7,98% (subtraído o INPC), ficaram a Armênia (10,23%) e a Polônia (8,30%).
Vêm depois a Dinamarca (7,76%), República Dominicana (7,62%), Holanda (7,21%),
Croácia (6,79%), Costa Rica (6,34%), Peru (6,27%) e Sérvia (5,74%).
Comparação - E
diga-se que o Brasil aparece bem em um ambiente em que a a enorme maioria dos países
registra crescimento da rentabilidade de seus sistemas de previdência
complementar.
Portanto,
a comparação se faz com nações que também apresentam percentuais expressivos, o
que só valoriza o resultado alcançado pelos brasileiros. As estatísticas preliminares
da OCDE sugerem que os ativos dos pension funds cresceram na maioria das
economias em 2016. Houve expansão em 32 das 35 economias da OCDE e 25 das 27
daquelas não pertencentes à organização.
Os
investimentos realizados pelos pension funds nos países da OCDE ultrapassaram a
marca de US $ 25 trilhões, sendo que o crescimento foi de de 4% na
Austrália, Canadá, Holanda, Suíça e Estados Unidos, que estiveram entre os
maiores mercados em termos de ativos em 2016.
Mais que
o PIB - Um detalhe importante: Os ativos de pensão privada excederam o
PIB em 2016 em sete economias: Austrália, Canadá, Dinamarca, Islândia, Holanda,
Suíça e Estados Unidos.
O fato de
tantos países acumularem uma poupança previdenciária superior aos seus PIBs
escancara a importância de se ter essas reservas acumuladas em um nível assim
elevado e, ainda mais, porque todas que assim procedem são nações bem
sucedidas. No Brasil, a participação da previdência complementar fechada no PIB
é de 13%, um percentual obviamente modesto se comparado, por exemplo, aos mais
de 200% da Austrália. A discrepância entre os dois percentuais pode muito bem
ajudar a entender, por uma simples relação de causa e efeito, as diferenças
entre os resultados alcançados pelos dois países em sua esfera social e na
economia.
Todas as
estatísticas mostram o Brasil como um dos países com menor taxa interna de
poupança até mesmo na América Latina, algo para o que a Abrapp vem
continuamente chamando não apenas a atenção, mas também apontando uma solução,
que é a mesma que o Mundo adota: o fomento da poupança previdenciária. Esta é
por sua própria natureza voltada para o longo prazo e, como tal, capaz de
ajudar a renovar a infraestrutura e atender as demandas das empresas e de seus
projetos.
Com o esgotamento do modelo de crescimento apoiado em consumo e
endividamento das famílias e do Governo, somado ao quadro fiscal altamente
restritivo, não há gastos ou capacidade de investir capazes de operar um
milagre. Nesse quadro, fomentar a poupança previdenciária, como defende a
Abrapp, parece o caminho mais que natural.
Diário da Previdência Complementar Fechada