Irritados com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), líderes do
centrão começam a discutir a possibilidade de desenterrar a reforma da Previdência do governo Michel Temer (MDB)
e votá-la como afronta ao Planalto.
Desde a semana
passada, integrantes de partidos que apoiam mudanças nas regras das
aposentadorias mas que estão descontentes com o tratamento de Bolsonaro ao
Congresso começaram a considerar ignorar a proposta do ministro Paulo Guedes (Economia).
Deputados e
presidentes de partidos ouvidos pela Folha disseram que a ideia surgiu
em conversas informais. Inicialmente, fizeram a avaliação de que o texto de
Temer era menos duro, mais palatável e com projeções de economia mais factíveis
e transparentes.
Guedes quer economizar R$ 1 trilhão em dez anos.
Em 2017, Temer previa poupar R$ 800 bilhões em igual período, e a proposta
aprovada na comissão especial sobre a reforma na Câmara fechou o valor em R$
600 bilhões.
Com o aumento da temperatura na relação entre
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os parlamentares
viram na manobra uma forma de dar ao governo um recado de sua insatisfação
política.
A ideia, segundo
os líderes, ainda não havia sido levada a Maia até o fim da tarde desta
segunda-feira (25). Maia negou haver a intenção de engavetar a reforma de
Bolsonaro e ressuscitar a de Temer.
O presidente da
Câmara deve se reunir nesta terça (26) em almoço com líderes partidários para
discutir a reforma.
FOLHA DE SÃO PAULO