Milhões de dados de beneficiários do INSS ficaram
expostos e foram acessados sem controle.
Órgão concedeu
centenas de senhas a servidores de outros ministérios, mas não revogou acessos
de quem deixou o cargo.
Dados sigilosos de
milhões de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) ficaram expostos a usuários externos, que puderam acessar as
informações sem o devido controle do órgão.
A descoberta levou
ao desligamento do chamado Suibe (Sistema Único de Informações de Benefícios)
no início de maio e paralisou a produção de estatísticas da Previdência Social.
o instituto
acumulou um estoque de centenas de senhas —o órgão não divulgou o número exato—
concedidas a usuários externos ao longo das últimas décadas e nunca revisou a
autorização desses acessos.
O Suibe não
permite conceder novos benefícios, mas contém informações de todos aqueles já
deferidos, inclusive dados cadastrais dos beneficiários, espécie do benefício
(se é uma aposentadoria ou auxílio-doença, por
exemplo), valor devido e data de concessão, entre outros.
Ele é uma das
principais fontes de dados para a produção do Beps (Boletim Estatístico da
Previdência Social), relatório mensal detalhado das concessões e emissões de
benefícios pagos pelo INSS. A edição mais recente disponível é de fevereiro de
2024.
O INSS diz não ter
provas concretas de que houve vazamento de dados do Suibe, mas o órgão acumula
um histórico de reclamações de segurados que souberam da concessão do benefício
por meio de terceiros.
Há relatos de
instituições que entram em contato para oferecer produtos financeiros,
como empréstimo consignado, antes mesmo de o
beneficiário receber do INSS o comunicado oficial sobre a concessão.
FOLHA DE SÃO PAULO