Com lojas fechadas, empresários vão à Justiça
contra reajuste no aluguel.
Aumento
pelo IGP-M é legal e administradoras tentam ajustar contratos, afirmam
associações.
Com o agravamento da pandemia e a aceleração da
inflação, lojistas e administradoras de shoppings e aeroportos estão
enfrentando um impasse nas negociações para reajuste de aluguel.
Proprietários de muitos espaços que abriram mão da
cobrança integral do pagamento no ano passado, por causa do impacto da crise
provocada pela Covid-19 nos negócios de seus locatários, agora buscam não só o
valor completo, como pedem correção pela inflação do período.
Muitos lojistas têm procurado a Justiça para barrar
esse aumento diante do cenário de retração das receitas com a nova rodada de
medidas de isolamento social e restrição de circulação determinadas por estados
e prefeituras para conter o avanço do vírus em 2021.
O problema é agravado pelo índice geralmente utilizado nos
contratos de locação, o IGP-M, calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
O
indicador, que acompanha a alta de preços no atacado, subiu 31,1% no acumulado
dos 12 meses encerrados em março.
Os shoppings defendem o reajuste acordado em contrato e afirmam
que as administradoras tentam renegociar termos de acordo com o relacionamento
que têm com cada lojista.
O empresário Jonas Bechelli, presidente da Doctor Feet, conta
que tenta negociar o reajuste com vários shoppings, mas que a maioria quer
cobrar o aluguel inteiro, inclusive nos locais em que os centros de compras
estão proibidos de abrir para o público.
A MOB é outra
empresa que busca uma solução judicial para o impasse. Segundo Ângelo Campos,
diretor da MOB, a companhia deve fechar março com 20% do faturamento visto em
igual mês de 2019.
A empresa, afirma ele, já entrou com ações contra alguns
shoppings e vem tendo resultados parciais nas demandas. Conseguiu algumas
vitórias, mas também sofreu derrotas.
A disputa entre lojistas e administradoras teve
início em junho de 2020, quando os shoppings retomaram as atividades e,
gradativamente, foram suspendendo os benefícios concedidos na primeira fase da
quarentena.
Entre março e junho do ano passado, aluguéis ficaram suspensos e
encargos foram reduzidos entre 40% e 60%.
No último trimestre do ano, algumas das
administradoras já voltaram a cobrar o aluguel de maneira integral.
FOLHA DE SÃO PAULO