Bilionário fundador da Patagonia doa empresa e fortuna 'para salvar o
clima'.
Yvon Chouinard abriu mão da
propriedade da empresa que fundou há 49 anos.
Meio século depois de fundar a Patagonia, fabricante de roupas para esportes de
aventura, Yvon Chouinard, o excêntrico alpinista que se tornou um
bilionário relutante e desenvolveu uma atitude nada comum com relação ao capitalismo, decidiu doar a empresa.
Em lugar de vendê-la ou de abrir seu capital, Chouinard, sua mulher e os
dois filhos adultos do casal transferiram sua propriedade da Patagonia,
avaliada em cerca de US$ 3 bilhões (R$ 15,5 bilhões), a um fundo especialmente
projetado e a uma organização sem fins lucrativos.
As duas organizações foram
criadas para preservar a independência da empresa e garantir que todos os seus
lucros —cerca de US$ 100 milhões (R$ 517,6 milhões) ao ano— sejam usados para
combater a mudança climática e proteger terras
inexploradas em todo planeta.
A decisão incomum surge em um momento de crescente escrutínio, para
os bilionários e as grandes empresas, que falam
retoricamente sobre tornar o mundo melhor mas muitas vezes agravam os problemas
que dizem querer resolver.
Ao mesmo tempo, a renúncia de Chouinard à fortuna familiar se enquadra à
atitude permanente dele de desrespeito às normas empresariais, e ao seu amor
vitalício pelo meio ambiente.
"Esperamos que isto influencie uma nova forma de capitalismo cujo
resultado final não seja criar alguns poucos ricos e um monte de pobres", disse
Chouinard, 83, em uma entrevista exclusiva.
"Vamos dar o máximo de
dinheiro às pessoas que estão trabalhando ativamente para salvar o
planeta".
A Patagonia continuará a operar como uma companhia privada com fins lucrativos,
sediada em Ventura, Califórnia, e com vendas anuais de mais de US$ 1 bilhão (R$
5,1 bilhões) em jaquetas, chapéus e calças de esqui.
Mas os Chouinard, que
controlavam a Patagonia até o mês passado, não são mais proprietários da
empresa.
FOLHA DE SÃO PAULO