O Tribunal de Contas da União (TCU)
enfrenta resistência por parte da Associação Brasileira das Entidades Fechadas
de Previdência Complementar (Abrapp) em relação à minuta de instrução normativa
que amplia a atuação do tribunal para fiscalizar diretamente as Entidades
Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) patrocinadas por empresas
públicas.
Segundo a Abrapp, a medida é considerada um retrocesso no marco
regulatório do setor.
Luis Ricardo Marcondes Martins, presidente do Conselho
Deliberativo da Abrapp, defende que a competência para fiscalizar essas
entidades é prerrogativa da Superintendência Nacional de Previdência
Complementar (Previc), conforme estabelecido no artigo 202 da Constituição
Federal e na Lei Complementar nº 109/2001.
Ele alega que a proposta do TCU,
além de ser inconstitucional, cria uma sobreposição de competências que
compromete a segurança jurídica e a eficiência do segmento.
Impactos no setor de previdência complementar
O setor, responsável por gerir 14% do PIB brasileiro e pagar benefícios
a milhares de participantes, teme prejuízos econômicos e operacionais com a
duplicidade de fiscalização.
Luis Ricardo salienta que o TCU deveria limitar-se
a uma fiscalização secundária sobre as patrocinadoras públicas, como previsto
nas discussões em andamento com a Previc, em vez de interferir diretamente no
funcionamento das EFPCs.
Além disso, a Abrapp aponta que a medida poderá prejudicar o crescimento
da previdência complementar dos servidores públicos. “Essa fiscalização dupla
afasta investimentos e compromete a evolução desse segmento”, disse o
presidente da associação.
Custos e ações jurídicas
A superposição de competências também traria um aumento de custos para o
sistema, que já contribui financeiramente para a fiscalização exercida pela
Previc.
Luis Ricardo questiona a justificativa de criar uma nova camada de
supervisão quando o sistema já possui uma autarquia técnica e especializada.
Para enfrentar o que considera um “extrapolamento” das atribuições do
TCU, a Abrapp e o Sindapp planejam recorrer ao Poder Judiciário.
A questão já
havia sido levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, com um mandado de
segurança para delimitar a competência de fiscalização.
Com a nova proposta do
TCU, as entidades prometem intensificar sua atuação jurídica para proteger o
setor.
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