Prevent Senior é alvo de ação que pede R$ 940 milhões por violações na
pandemia.
OUTRO LADO: Empresa afirma que desconhece a ação e
atende às melhores práticas
O MPT (Ministério Público do Trabalho), o MPF (Ministério Público Federal)
e o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) anunciaram, nesta
terça-feira (6), o ajuizamento de uma ação civil pública conjunta contra
a Prevent Senior que pede o pagamento de R$
940 milhões por dano moral e social coletivo.
Os MPs afirmaram que, durante os inquéritos civis,
encontraram provas de que a empresa assediava funcionários para a prescrição de
medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid.
Procurada, a operadora de saúde afirmou, em nota,
que não pode se manifestar porque desconhece a ação.
"A Prevent Senior
atende às melhores práticas em todos os segmentos em que atua, o que será
reconhecido ao fim do processo", escreveu.
Segundo os promotores e procuradores, os
trabalhadores da empresa também eram desincentivados a utilizar máscaras de
proteção e obrigados a manter a jornada de trabalho mesmo quando contraíam a
doença, e o cruzamento de dados de testes de coronavírus da Secretaria de Saúde e dos
registros de ponto teria comprovado essa prática.
"Constatamos que ao menos 2.848 trabalhadores
no período de 2020 e 2021 trabalharam infectados com Covid-19 nos dois dias
seguintes à confirmação do resultado.
Ao menos 3.147 trabalhadores trabalharam
infectados nos sete dias seguintes à confirmação do resultado", afirmaram
durante entrevista a jornalistas na manhã desta terça, no prédio do MPT em São
Paulo.
De acordo com os promotores, a ação foi apresentada
à Justiça do Trabalho nesta segunda-feira (5) e engloba as seis empresas do
grupo, os sócios Fernando e Eduardo Parrillo e suas esposas.
Procuradora do MPT e integrante da força-tarefa criada em
2021 para analisar a conduta da empresa durante a pandemia,
Lorena Porto contou
que houve uma tentativa de acordo extrajudicial com o grupo no ano passado, mas
sem sucesso.
"As defesas apresentadas nos inquéritos civis
foram no sentido da regularidade da conduta, mas foi exatamente o contrário do
que nós apuramos, tanto na parte do assédio moral quanto no meio ambiente do
trabalho", afirmou.
"E não houve uma disposição da empresa em assinar
um termo de ajuste de conduta para essas obrigações trabalhistas. Por isso
tivemos que ajuizar a ação civil pública."
Na época, também foi apresentado o valor de R$ 940
milhões. A empresa afirmou que não tinha condições de arcar com o montante e
não apresentou uma contraproposta.
FOLHA DE SÃO PAULO