Dados mostram que
quem se aposenta sem idade mínima passa fatia cada vez maior da vida recebendo
benefício
Homens e mulheres brasileiros que chegam aos 60 anos têm uma expectativa
de vida quase tão grande quanto a dos alemães e maior do que a dos poloneses,
mas se aposentam cerca de uma década mais cedo.
Embora o Brasil acompanhe o resto do mundo na tendência de aumento contínuo da longevidade, ainda
permite aposentadorias sem idade mínima, enquanto muitas nações ricas e emergentes
têm elevado a exigência de idade para se aposentar.
Isso explica porque a realidade brasileira é uma clara exceção quando os
dados de sobrevida e idade média de aposentadoria do país são comparados aos
dos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico), como mostram os gráficos abaixo.
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A comparação leva
em conta, no caso brasileiro, a idade média das aposentadorias por tempo de
contribuição, consideradas como uma das principais causas de desequilíbrio das
contas da Previdência (os dados são de 2017, os mais recentes disponíveis).
A
expectativa média de vida da população a partir dos 60 anos é o indicador mais
adequado para avaliar a sustentabilidade de regimes previdenciários pois seu
cálculo não é distorcido pela idade daqueles que morrem precocemente.
Para ilustrar a
importância de ajustar as regras de aposentadoria à luz do avanço da sobrevida,
a pesquisadora Ana Amélia Camarano lembra que as mulheres brasileiras que se
aposentaram em 2014 —em média com 52,7 anos e após contribuir por 30
anos— ainda tinham pela frente outros 31,7 anos de vida.
FOLHA DE SÃO PAULO