Em meio a aumento do custo de vida em SP, população
encolhe.
É a primeira vez
que número de habitantes da capital paulista diminui, segundo a Fundação Seade
Entre os motivos, estão razões sociodemográficas
(queda na taxa de natalidade e maior número de óbitos) e o aumento do custo de
vida na capital.
De acordo com ranking da consultoria americana Mercer, São
Paulo avançou 28 posições em uma lista de 226 cidades mais caras do mundo para
se viver em 2024, passando ao 124º lugar.
É a mais cara do país, estando à frente de Rio de
Janeiro (150ª posição), Brasília (179ª), Manaus (182ª) e Belo Horizonte (185ª)
no ranking global.
"O avanço de São Paulo pode ser explicado pela alta
da inflação e o aumento do dólar", diz
Inaê Machado, líder da área de mobilidade da Mercer na América Latina.
Em inflação, a consultoria aponta maior variação em
preços de serviços domésticos e de transportes, além de produtos de utilidades
domésticas e cuidados pessoais.
Segundo
a Fundação Seade, São Paulo se tornou a maior cidade do Brasil em 1960, quando
superou o Rio de Janeiro.
Hoje, é mais populosa que países como Portugal e
Grécia, e comparável aos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.
Entre 1920 e
2020, sua população aumentou vinte vezes: crescia 4% ao ano na década de 1920,
e atingiu o máximo nos anos 1950 (5,6% ao ano), puxada pela imigração.
Bernadette
Waldvogel, gerente de indicadores e estudos populacionais na Fundação Seade,
diz que o saldo migratório (quantidade de gente que chega menos a de gente que
sai) no município de São Paulo já é negativo desde o início deste século.
O
crescimento populacional ainda ocorria devido ao saldo vegetativo positivo, ou
seja, havia mais nascimentos do que óbitos na cidade, o que superava o saldo
migratório negativo.
No entanto, desde a metade dos anos 2010, o número de
nascimentos começou a diminuir e o total de óbitos a aumentar, uma tendência
que avançou na pandemia.
Entre
2000 e 2023, a taxa de natalidade na capital paulista caiu 44%: de 19,9
nascidos vivos por 1.000 habitantes para 11,2.
No mesmo intervalo, a taxa de
mortalidade geral (número de óbitos por 1.000 habitantes) cresceu 17%, de 6,4
para 7,5, diz Bernadette.
"Mas em 2023, o saldo vegetativo positivo não
foi suficiente para compensar o saldo migratório negativo, o que resultou em
perda populacional."
FOLHA DE SÃO PAULO