- Cheques persistem como opção
para pagamentos no Brasil.
Opção
ainda é usada em parcelamentos e vira capital de giro no comércio.
A chegada dos novos meios eletrônicos de pagamentos levou
à redução do uso de cheques, mas os talonários ainda estão nas ruas.
A
tradicional folha continua sendo uma opção de pagamento e também um instrumento
de crédito.
“O uso de cheque caiu, mas ainda é utilizado
principalmente nas pequenas empresas que aceitam o pagamento pré-datado”, diz
Fábio Ieger, CEO da fintech Certus.
Ele lembra que é comum o cheque mudar de
mão: quem deposita não é quem o recebeu.
O gerente de meios de pagamento da Sicredi Vale do
Piquiri Abcd PR/SP, Mauricio Guerra, cita alguns dos motivos que tornam o
pagamento em cheque mais atrativo para os empreendedores: não tem o custo
operacional cobrado pelo uso das máquinas de cartão e pode ser repassado
para frente para o pagamento de fornecedores, por exemplo.
O risco de receber cheque sem fundos é a principal preocupação
de quem recebe esse meio de pagamento.
Por isso, as folhas normalmente são
aceitas de clientes que já têm relacionamento com o estabelecimento, o que
reduz perdas.
Os bancos oferecem custódia para os cheques e, em alguns casos,
até a antecipação de recebíveis, da mesma forma que os cartões de crédito.
O professor do Insper – Ricardo Rocha - comenta que nem todas as
pessoas têm familiaridade com os meios eletrônicos e, por isso, o cheque acaba
sendo uma solução mais fácil e acessível para esses consumidores.
- Dinheiro ainda é preferência
para as contas do dia a dia.
Praticidade
e pouca bancarização continuam a estimular a circulação de papel moeda no país.
Apesar de o brasileiro estar cada vez mais acostumado com maquininhas, compras online e
agora o Pix, o dinheiro em papel continua circulando de mão em mão.
Mesmo na pandemia, apesar da menor circulação de
pessoas e consequente baixa no movimento do comércio, a demanda por notas
cresceu.
O principal motor disso foi o auxílio emergencial, benefício criado pelo
governo federal no ano passado para socorrer famílias de baixa renda na crise
provocada pela Covid 19.
A maior procura por dinheiro físico ocorreu nos
primeiros meses da pandemia.
O BC (Banco Central) chegou a lançar a nova nota de
R$ 200 afirmando que ela seria necessária porque, além da demanda provocada
pelo auxílio, houve aumento do entesouramento (quando o papel moeda não circula
na economia) .
Historicamente, em momentos de crise, as pessoas preferem
guardar dinheiro.
Mesmo assim, o
volume de dinheiro na rua aumentou. Enquanto em dezembro de 2019 havia 280
bilhões de notas em circulação, ao fim do ano passado havia 370 bilhões de
cédulas, segundo o BC.
De acordo com a última pesquisa “O Brasileiro e sua Relação com
o Dinheiro”, feita pelo Banco Central, 88% das compras de até R$ 10 são pagas
com as cédulas. No caso de valores acima de R$ 500, esse percentual cai para
31%.
“Na feira, por exemplo, alguns comerciantes até aceitam
pagamento em cartão, mas muita gente prefere usar o dinheiro”, diz Rocha, do
Insper, ao lembrar que ele mesmo prefere as notas quando são pequenos valores.
FOLHA DE SÃO PAULO