Os bancos credores e os fundos de pensão olham com ceticismo a
proposta da indonésia Asia Pulp & Paper (APP) pela Eldorado, do grupo J
& F Isso porque, no desenho que está sendo formatado, a companhia asiática
injetaria recursos na Eldorado, para depois, em uma segunda etapa, comprar o
controle da empresa. Nesse formato os recursos não iriam, ao menos de imediato,
para a J & F, e como consequência não seriam destinados para o pagamento
das dívidas bancárias. Os irmãos Batista, no entanto, fecharam compromisso de
venda de ativos com os bancos credores. Como a J & F precisa de caixa, a
proposta fatiada da APP não faria sentido.
Será? Diante desse impasse, tem sido comum no mercado financeiro a
defesa de que a Fibria pode acabar levando o ativo. Ainda que a proposta da
brasileira, de R$ 12 bilhões, seja inferior aos R$ 15 bilhões ofertados pela
APP, o dinheiro chegaria à vista e em tempo mais curto. Isso porque a Fibria
não precisaria fazer diligência do ativo, que já conhece bem, mas apenas do
acordo de leniência fechado pelos executivos da J& F, que já passou pelo
crivo de compradores de outros ativos. Além disso, o setor de papel e celulose
é estratégico para o País, com forte contribuição à balança comercial,
acentuando o interesse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), um dos maiores credores da J & F, de encontrar uma solução
doméstica para a venda do ativo.
Matemática. A estratégia apresentada pela APP, no
entanto, elimina potenciais problemas que a J & F teria para a adesão dos
fundos de pensão – Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras). No
acordo de acionistas, está previsto tag along, que garante a acionistas
minoritários o direito de deixarem a sociedade caso o controle da empresa seja
adquirido por um investidor que, até então, não estava na sociedade, em caso de
venda de ações, o que não aconteceria nessa estrutura. Pelo plano pensado, os
fundos teriam apenas o direito de preferência na subscrição, com pouca chance
de ser exercida por conta dos ajustes que vêm fazendo em suas carteiras.
O Estado de S. Paulo