Demora em perícias pode gerar
pagamento indevido de R$ 6,6 bi em aposentadorias, alerta TCU.
Área
técnica vai propor nova investigação para apurar responsabilidade de gestores.
A demora na realização de perícias médicas pode
gerar um pagamento indevido de R$ 6,6 bilhões em aposentadorias por
incapacidade permanente no período de um ano, alerta o TCU (Tribunal de Contas da União).
Uma
auditoria financeira feita nas demonstrações de 2022 do FRGPS (Fundo do Regime
Geral de Previdência Social) detectou um elevado número de perícias atrasadas
para esse benefício e um baixo número de reavaliações conduzidas pelo governo
federal, abrindo brechas para repasses irregulares.
O
processo é relatado pelo ministro Jorge Oliveira e deve ser julgado nesta
quarta-feira (30) pelo plenário da corte de contas.
O
parecer da área técnica aponta a existência de 2,9 milhões de aposentadorias
por incapacidade permanente (chamada antes de aposentadoria por invalidez) que
estão há mais de dois anos sem passar por revisão, como manda a legislação.
No
ano passado, foram realizadas apenas 3.547 perícias de revisão bienal dessa
categoria de benefício —o equivalente a só 0,12% do estoque pendente.
A partir
dessas análises, 449 benefícios foram cessados (12,6% do total submetido a
perícias médicas).
De
posse desses dados, os auditores simularam o potencial de pagamentos indevidos.
Se o percentual de 12,6% se mantiver constante, isso significaria que 367,9 mil
segurados estariam recebendo os repasses sem fazer jus ao benefício.
Considerando
o valor médio da aposentadoria por incapacidade permanente (R$ 1.497,98), o
prejuízo aos cofres públicos pode ser de R$ 551,1 milhões mensais e de R$ 6,6
bilhões ao ano.
FOLHA DE SÃO PAULO