A
proposta do governo de reforma da Previdência prevê regras iguais para homens e
mulheres: eles e elas só poderão se aposentar com, no mínimo, 65 anos de idade
e 25 de contribuição. Pelas regras atuais, as mulheres conseguem a
aposentadoria cinco anos mais cedo que os homens, seja por idade ou por tempo
de contribuição.
Um dos
argumentos do governo para acabar com essa diferença, detalhado no próprio
texto da proposta, é que as mulheres estão vivendo cerca de sete anos mais do
que os homens. Além disso, o governo alega que, ao longo do tempo, elas estão
ocupando postos de trabalho que antes eram destinados a eles, apesar de ainda
haver desigualdade.
Hoje, a
inserção da mulher no mercado de trabalho, ainda que permaneça desigual, é
expressiva e com forte tendência de estar no mesmo patamar do homem no futuro.
O governo
diz que, no passado, essa diferenciação fazia sentido devido à dupla jornada e
à maior responsabilidade da mulher com os cuidados da família, principalmente
com os filhos, mas isso estaria mudando.

Dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística) são citados como
argumento.
O
contingente de mulheres que se dedicam aos afazeres domésticos de 15 a 29 anos
de idade caiu de 88,2% para 84,6% entre 2004 e 2014. Mais do que isso, o número
médio de horas semanais dedicadas a essas atividades diminuiu de 23,0 para 20,5
horas no mesmo período.
Igualdade ou desigualdade?
Há dois
fatores a serem considerados, na opinião da professora da Bete Adami, da
PUC-SP. Por um lado, se pensar que a mulher tem dupla jornada, deveria haver,
sim, um privilégio de se aposentar antes. Por outro lado, se a reivindicação é
pela igualdade, não deveria haver essa diferenciação, afirma.
As
mulheres reivindicam a igualdade, mas, quando ela é colocada em xeque,
defende-se a desigualdade. Tendo a ir pela igualdade. A mulher vive mais e tem
mais força emocional.
Afazeres são
'predominantemente femininos'
A
diferença entre homens e mulheres ao longo dos anos caiu pouco, na visão de
Sônia Fleury, professora da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas da FGV.
Todos estão cansados de saber que os afazeres
[domésticos] são predominantemente femininos. Há um processo muito lento de
mudanças.
Sônia Fleury, professora da Ebape/FGV- Bete Adami, professora da PUC-SP - UOL