A proposta de reforma da Previdência, elaborada
pelo grupo técnico do governo e encaminhada ao presidente Michel Temer, atinge
em cheio os pensionistas. A ideia é desvincular o benefício de quem ganha um
salário mínimo, atrelado atualmente ao reajuste do piso, que passaria a ser
corrigido apenas pela inflação. Além disso, o valor da pensão deixará de ser
integral, sendo reduzido à metade, acrescido de 10% por dependente. A nova
regra valerá para os setores público e privado.
A mudança, na prática, vai fazer com que os novos
pensionistas recebam uma pensão inferior ao salário mínimo. E quem já recebe o
benefício ficaria sem direito a ganhos reais. Além disso, não será mais
possível acumular pensão e aposentadoria e, neste caso, o segurado terá que
optar pelo benefício de maior valor.
A mudança na fórmula de cálculo da pensão faz
parte das medidas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso em 2014 pelo
ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que não saíram do papel. A economia
estimada em dez anos foi projetada em R$ 125 bilhões só no setor privado. Na
ocasião, o governo petista conseguiu aprovar apenas o fim da pensão vitalícia
para beneficiários com menos de 44 anos, entre outros ajustes.
Com o propósito de fazer as regras de
aposentadoria convergirem, a PEC vai incluir a pensão no serviço público, que
já foi alterada. O valor da pensão já não é mais integral: há um corte de 30%
sobre o valor que extrapola o teto do INSS (R$ 5.189).
A alteração nas regras da pensão tem a finalidade de
reduzir gastos com benefícios. Considerando apenas o setor privado, a despesa
bruta com pensionistas pulou de R$ 21,1 bilhões em 2002 para R$ 104,3 bilhões
no ano passado. Há, ainda, o argumento de que a pensão integral é privilégio só
dos brasileiros e, nesse sentido, o Brasil estaria em linha com o padrão
internacional.
O Dia