Copom eleva Selic em 1,50 ponto percentual, a 7,75%
ao ano.
Alta
é a maior desde dezembro de 2002, quando os juros subiram 3 pontos percentuais.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica
(Selic) em 1,50 ponto percentual, a 7,75% ao ano, nesta quarta-feira (27).
Esta
é a maior alta desde dezembro de 2002, quando os juros subiram 3 pontos
percentuais —de 22% para 25% ao ano.
A elevação é maior que a indicada pelo BC na reunião anterior, em
setembro, quando sinalizou que subiria novamente a Selic em 1 ponto percentual.
O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e diretores reiteraram em
eventos dos quais participaram ao longo das últimas semanas que o plano era
manter esse ritmo nas decisões seguintes.
Diante da manobra do governo para driblar o teto de gastos na
semana passada, no entanto, o BC teve que mudar a postura para tentar levar a
inflação de 2022 e 2023 à meta.
A decisão veio
em linha com as projeções do mercado.
Na semana passada, economistas revisaram
as expectativas para a decisão desta quarta e passaram a esperar uma resposta mais
agressiva da autoridade monetária diante
da elevação do risco fiscal.
As revisões ocorreram após o governo e seus aliados
no Congresso inserirem, na última quinta-feira (21), na PEC
(proposta de emenda à Constituição) que adia o pagamento de
precatórios uma mudança na regra de correção do teto de gastos que, na prática,
expande o limite das despesas federais.
A manobra tem como objetivo abrir espaço
orçamentário e turbinar o Auxílio Brasil, programa social que vai
substituir o Bolsa Família.
O ruído em torno de uma possível mudança de regime
fiscal elevou o chamado o prêmio de risco à curva de juros, custo adicionado
para cobrir eventuais impactos, e afetou as expectativas para a inflação.
Para este ano, há consenso no mercado e no BC de
que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em
3,75% —com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.
FOLHA DE SÃO PAULO