O Banco
Central do Brasil (BCB) elevou a Taxa Selic em 50 pontos-base na última
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e, em comunicado, adotou
tom que sinaliza o provável encerramento do ciclo de alta de juros. Ainda
que a decisão tenha sido condicionada aos dados, termos como “vigilância” e
“efeitos acumulados”, utilizados no texto, são tradicionalmente associados
à fase final de aperto. A opção por uma última alta de 25 pontos-base segue
sobre a mesa, mas a barra para isso parece bastante elevada.
A ata do Copom divulgada em 13 de maio reforçou essa leitura, consolidando
a percepção de trabalho executado. Na visão do comitê, o nível atual da
Selic já é suficientemente contracionista para garantir a convergência da
inflação. Em declaração recente, presidente do BCB, Gabriel Galípolo,
reforçou essa posição, ao dizer que não vê espaço para cortes à frente e
reafirmar a estratégia de “juros elevados por mais tempo” (higher for
longer).
A visão da SulAmérica Investimentos segue conservadora: o cenário interno
continua desafiador, e consideramos improvável qualquer discussão sobre
cortes de juros em 2025. A atividade segue resiliente, com mercado de
trabalho aquecido e nova alta na massa de rendimentos. Do lado do crédito,
já observamos uma elevação dos custos — sinal de que a política monetária
está sendo parcialmente transmitida. No entanto, apesar da alta nos juros,
as concessões continuam em patamar elevado.
A nova modalidade de empréstimo consignado privado para trabalhadores com
carteira assinada é um exemplo: já acumula R$ 10 bilhões em menos de dois
meses de oferta, com uma média diária de concessão próxima a R$ 330 milhões
— muito acima da média anterior de R$ 70 milhões. Por ora, o diagnóstico é
de troca de dívida, mas o sucesso na largada e o fato deste novo produto de
crédito ainda estar em fase de implementação exigem atenção. A mudança vai
na direção correta, mas, no curto prazo, pode suavizar o impacto do aperto
monetário ao manter o volume de crédito elevado.
A inflação corrente continua pressionada. A composição dos últimos dados
foi qualitativamente ruim, com piora tanto em Serviços quanto em Bens
Industriais. A discussão sobre eventuais novas medidas de estímulo fiscal e
parafiscal também recomenda cautela.
No cenário externo, o movimento de trégua entre Estados Unidos e China —
com redução temporária de tarifas de 145% para 30% — fortalece a postura de
espera do Federal Reserve. Uma fala recente de John Williams, presidente do
Fed de NY, reforçou que o mais prudente é aguardar o prazo integral dessa
flexibilização antes de considerar qualquer corte de juros. Além disso, a
trégua tarifária pode gerar impulso temporário na atividade americana, via
antecipação de consumo e investimentos. Com isso, postergamos nossa
projeção para o início dos cortes de juros nos EUA para outubro, com
aumento da probabilidade de não haver cortes em 2025.
Diante desse conjunto de fatores — tanto internos quanto externos —
avaliamos que o debate sobre corte de juros no Brasil deve ser adiado. A
política monetária está próxima da estabilidade, mas a perspectiva é de
manutenção da Selic em patamar elevado por um período prolongado.
Divulgação de
PMIs, Confiança do Consumidor na Zona do Euro, dados de atividade e
inflação na Ásia, e IBC-Br no cenário local.
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Nos EUA, os
principais eventos desta semana incluem a divulgação da leitura preliminar
dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) e dados do mercado imobiliário,
ambos na quinta-feira (22), seguidos por mais informações do setor
imobiliário na sexta-feira (23). O PMI Industrial deve registrar 49,8
pontos em maio, ante 50,2 em abril, enquanto o PMI de Serviços deve ficar
em 50,6, contra 50,8 anteriormente. Ainda na quinta-feira, será publicado o
número de casas existentes vendidas, e na sexta-feira, o volume de casas
novas vendidas e de alvarazes para novas construções concedidas.
Na Europa, os destaques são as publicações de dados de confiança A Inflação ao Consumidor da Zona do Euro, cuja expectativa consensual entre
analistas é de 0,7% M/M, e de 2,2% A/A l.
Na terça-feira (20), será divulgada a leitura preliminar da Confiança do
Consumidor na Zona do Euro e a Inflação ao Produtor na Alemanha. A
Confiança do Consumidor de maio deve registrar leve crescimento, mas ainda
em patamar negativo, de -16,7 pontos em abril, para -15,9 neste mês. A
Inflação ao Produtor de abril deve cair -0,3% M/M, e -0,6% A/A.
Na quarta-feira (21), será anunciado o dado de abril da Inflação ao
Consumidor no Reino Unido, com expectativa de variação de 1,1% M/M, e de
3,3% A/A. Na quarta-feira haverá uma bateria de dados para a divulgação dos
PMIs de maio, com destaque vai para esses indicadores na Zona do Euro: o
Industrial deve registrar 49,3 pontos, e o de Serviços, 50,5 pontos, ambos
acima do dado anterior (49,0 e 50,1 pontos, respectivamente).
Na Ásia, na segunda-feira à noite será divulgada a taxa de juros de 1 ano e
5 anos da China. Na quinta-feira será publicada a Inflação ao Consumidor de
abril no Japão, que deve registrar 3,6% A/A.
No cenário local, a agenda permanece levemente esvaziada, com destaque para
a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de
março na segunda-feira. A expectativa mediana entre analistas do mercado
para dado de atividade econômica implica um crescimento de 0,4% M/M, e de
2,9% na variação interanual.
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