Previdência aberta acumula perdas e investidor migra para o risco
Os fundos de previdência não escaparam dos perversos efeitos da
pandemia. Foram vários os meses de captação líquida negativa durante o ano.
Só
o mês de outubro subtraiu quase R$ 5 bilhões dessa indústria, segundo
levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e
de Capitais (Anbima).
“A captação líquida no ano, até outubro, alcançou R$ 29,4
bilhões, uma queda de 30,4% em comparação a igual período de 2019.
Alguns
investidores chegaram a sacar o dinheiro e deixá-lo parado em conta, com receio
de precisar usá-lo da noite para o dia”, afirma Jorge Pohlmann Nasser,
presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e do
Bradesco Vida e Previdência.
Outros se assustaram com a rentabilidade negativa
dos fundos, especialmente os de renda fixa, carregados de títulos públicos
pré-fixados, como as LFTs. Mas os fundos com ações também sofreram.
“Na renda fixa, 17% dos fundos tiveram rentabilidade negativa no
período de um ano por causa dos juros, enquanto nos multimercados 42% tiveram
retorno negativo por causa principalmente da queda da bolsa”, observa Ricardo
Ratner Rochman, professor de finanças na Escola de Administração de Empresas de
São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Com os juros em patamares inéditos, os investidores foram
impulsionados a revisar suas aplicações em previdência neste ano.
O aumento da
demanda por produtos de mais risco foi ao encontro do crescimento da oferta de
fundos sofisticados. E, como resultado, a migração de recursos da renda fixa
para outros produtos se intensificou em 2020.
A participação da categoria de renda fixa no total dos fundos de
previdência analisados pelo “Ranking de Previdência Valor/FGV” está em queda.
Em 2018, o patrimônio desse tipo de fundo representava 91,5% dos produtos
analisados pelo levantamento.
Em 2020, havia caído para 81,25%.
Ao mesmo tempo,
os multimercados avançaram de 6,13% para 13,81%.
O ESTADO DE SÃO PAULO