O Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) baixou de 3,4% para 2,6% a estimativa de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) para 2018. A mudança no cenário se deve à demora na
aprovação da reforma previdenciária, conforme apontou a Diretoria de
Macroeconomia (Dimac) do instituto. A análise foi divulgada nesta quinta-feira
(28) pelo Grupo de Conjuntura do instituto.
"A realização ou não da reforma da Previdência
nos próximos anos é fator chave para a viabilidade da consolidação da
recuperação da economia, porque tornar sustentáveis as contas públicas é
essencial para que os investidores confiem nessa retomada e voltem a fazer
investimentos de longo prazo”, afirmou o economista José Ronaldo de Castro
Souza Júnior, diretor da Dimac.
Reforma da Previdência é 'fator chave' para
recuperação da economia, diz Ipea. A análise
de risco, segundo Castro, impacta diretamente nas projeções da conjuntura
econômica. “Se você reduzir o risco agora, você tende a ter uma resposta em
termos de mais crescimento no ano que vem. A nossa previsão tende a se alterar
dependendo destas mudanças e do tempo dessas mudanças”, destacou.
O economista destacou, porém, que os leilões do setor
de energia e petróleo e gás realizados nesta quarta-feira (27), com os quais o
governo federal arrecadou, juntos, cerca de R$ 16 bilhões, já indicam que há
uma melhora na análise de risco do mercado.
“Isso [a arrecadação com os leilões acima do
esperado] é uma indicação de que existe um otimismo maior de longo prazo”,
destacou.
A previdência, conforme enfatizou o economista, tem
impacto direto na estrutura de gastos do governo. “Os gastos obrigatórios [do
governo] vêm crescendo, porque a gente tem um envelhecimento rápido da
população que, aliado às regras previdenciárias do Brasil, faz com que os
gastos com a previdência cresçam cada vez mais”, apontou.
Os gastos obrigatórios limitam os
chamados gastos discricionários, indispensáveis aos investimentos do governo.
José Castro relativizou que mesmo com a reforma da previdência será difícil
diminuir consideravelmente o teto de gastos, “mas vai ser mais viável
controla-lo”.
O economista do Ipea destacou, ainda, que a reforma
previdenciária é inevitável e urgente. Segundo ele, quanto mais demorar a ser
feita, mais severa deverá ser.
“Se essa reforma da previdência é adiada, e isso é
matemática, as regras de transição terão que ser mais duras. Se não se faz
agora, ela terá que ter uma transição mais rápida quando for feita”, avaliou.
G1