Fundos de pensão se arriscam mais na Europa


Há três anos, o prefeito de Amsterdã perguntou em uma sala cheia de gerentes de fundos de pensão quem estaria disposto a investir na regeneração da famosa zona de prostituição da cidade. Só duas pessoas levantaram a mão. Hoje, a mesma pergunta poderia ter desencadeado uma guerra de apostas.

 

Em uma época com juros extremamente baixos e populações envelhecidas, até os investidores institucionais mais avessos aos riscos agora estão comprando ativos que antes pareceriam inconcebíveis.

 

Como grande parte do ganha-pão deles — os títulos de governos — rende menos que zero, a busca por uma renda estável transformou os fundos de previdência da Europa em todo tipo de coisa, de donos de sex shops holandeses e bingos britânicos a investidores em loterias em Gibraltar.

 

As poupanças para a aposentadoria dos funcionários da BBC estão ajudando a pagar por um novo duto de esgoto em Londres, e a Pension Insurance Corporation comprou dívida da Virgin Atlantic que tem como garantia slots no aeroporto de Heathrow. A alemã Versicherungskammer Bayern até pensou em investir em abrigos para refugiados neste ano.

 

— O que deu certo nos últimos oito anos não vai dar certo nos próximos oito — disse Ingo Heinen, diretor de vendas de investimentos alternativos da BlackRock em Londres.

 

RENDIMENTO DE 10% A 15%

 

Em julho, fundos de pensão decidiram comprar 35% de um portfólio de cerca de cem imóveis. Os termos determinavam que as propriedades não poderiam ser usadas para fins de prostituição ou drogas, mas não há nenhum impedimento à venda de brinquedos sexuais.

 

— Um fundo de pensão ter um sex shop não é muito normal, mas, financeiramente, há um case de negócio muito forte — explicou Boris van der Gijp, diretor da consultoria de fundos de pensão Syntrus Achmea. — A competição por ativos imobiliários hoje é dura.

 

Essa busca por rendimentos “é uma continuação da tendência que observamos há alguns anos, mas agora estamos conversando mais do que nunca com nossos clientes e eles estão investindo cada vez mais dinheiro em ativos reais”, diz Heinen.  



O Globo
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