Diretora jurídica da FF Seguros vê desafios e
oportunidades para o setor
"Quem já
estava se preparando vai ter vantagem competitiva. Requer tempo e recursos.
Mapear todos os processos e transformar isso em sistema não é trivial",
afirma diretora da FF Seguros
A Lei 15.040/24, que entrou em vigor em 10 de
dezembro de 2024, estabelece um novo marco regulatório para o setor de seguros
no Brasil, concedendo às seguradoras um prazo de um ano para adaptarem seus
contratos e processos. “Todos estão na estaca zero.
Vai ser um trabalho árduo
de debates, estudos e resolução de desafios que envolvem todas as seguradoras
de riscos empresariais, principalmente.
E cada uma terá de engajar diferentes
áreas, como jurídico, áreas técnicas e de produtos”, afirma Danielle Djouki,
diretora jurídica da FF Seguros.
A executiva, que
integra a comissão jurídica da CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras),
ressalta que a lei não será mais alterada, cabendo ao setor se adaptar e
contribuir com a Superintendência de Seguros Privados (Susep) na
regulamentação.
Segundo ela, a nova legislação consolida princípios já
previstos na jurisprudência do setor, como o agravamento de risco, que exige
que as seguradoras comprovem dolo por parte do segurado, e a necessidade de
transparência, garantindo que os segurados tenham acesso às condições
contratuais do seguro antes da contratação.
“Eram princípios previstos no
Código do Consumidor e no Código Civil, mas agora estão explicitamente
detalhados na lei”, explica Danielle.
No entanto, a
aplicação prática desses princípios exigirá mudanças operacionais e
tecnológicas profundas.
“São muitas alterações do ponto de vista operacional e
tecnológico. A lei demanda tecnologia, e o custo operacional para apólices de
grandes riscos vai aumentar”, alerta a diretora.
A legislação prevê
a possibilidade de prorrogação do prazo para até 120 dias, extensível por mais
120 dias em sinistros de grandes riscos.
Mesmo assim, Danielle enfatiza que o
volume de documentação e a complexidade das análises exigirão o uso de inteligência
artificial (IA). “Recebe-se mais de mil documentos num sinistro desse tipo.
Será necessária a utilização de IA, com base nos parâmetros que cada seguradora
criar, para enquadrar a cobertura.”
Outro ponto
crítico será a revisão dos clausulados e a elaboração de questionários de risco
detalhados, que se tornarão documentos essenciais para definir as coberturas.
“Quanto mais detalhado for o questionário de risco e como o segurado deve
entregar a documentação, em capítulos, mais fácil será obter da Inteligência
Artificial uma avaliação simples e que pode nos ajudar a cumprir os prazos
estabelecidos pelo novo marco legal”, recomenda Danielle.
SONHO SEGURO