Em todo o ano de 2018, foram realizadas 63.969 cirurgias
bariátricas, sendo 49.521 pela saúde suplementar (planos de saúde), conforme
dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 11.402 cirurgias pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) e 3.046 cirurgias particulares.
O
número total de procedimentos realizados em 2018 é 4,38% maior do que em 2017,
quando foram realizadas aproximadamente 61.283 mil cirurgias pelo SUS e ANS.
No
entanto, para que se tenha ideia, o número total de cirurgias realizadas no ano
passado representa 0,47% da população obesa elegível à cirurgia bariátrica e
metabólica no Brasil, ou seja com Índice de Massa Corporal acima de 35.
A
última pesquisa Vigitel – divulgada pelo Ministério da Saúde – apontou
que 41,6 milhões de pessoas ou 19,8% da população possui IMC acima
de 30. Destes, um terço ou 13,6 milhões, possuem IMC acima de 35.
Segundo
o presidente da SBCBM, Dr. Marcos Leão Villas Bôas, o tratamento cirúrgico
segue na mesma direção do crescimento da obesidade, tendo em vista este é o
maior índice de prevalência da obesidade dos últimos 13 anos, com 67,8% de
aumento.
“Neste
cenário cresceram também as comorbidades associadas à obesidade, como diabetes
mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e dislipidemia,
doenças que resultam num elevado risco cardiovascular, aumentando o impacto na
qualidade de vida”, destacou Marcos Leão.
Cirurgias realizadas em 8 anos
– Avaliando um período de oito anos, o número de cirurgias
bariátricas cresceu 84,73% entre 2018 e 2011, segundo levantamento divulgado
pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Foram
realizados no período aproximadamente, 424 mil cirurgias da obesidade no
país.
Em 2016
foram 62.227 cirurgias, em 2015, foram realizadas 58.686; em 2014,
53.156; em 2013 a marca foi de 50.321; em 2012 40.411 e em 2011, 34.629
procedimentos foram realizados.
“O aumento no número de procedimentos realizados em oito anos se
deve ao aumento na confiança da população em torno do procedimento e do
conhecimento sobre os resultados obtidos para melhoria da qualidade de vida”,
completou o presidente da SBCBM.
Cirurgias por planos de saúde – O
levantamento mostra que o número de cirurgias bariátricas em planos de saúde
subiu de 27.610 em 2011 para 49.521 em 2018, um crescimento de 79,36% na
amostra.
Porém, os números de procedimentos enfrentam estagnação nos últimos
três anos.
A crise financeira e a alta taxa de desemprego levaram cerca de 3,1
milhões de brasileiros a deixar planos de saúde e migrar para a saúde pública,
segundo dados da ANS. O número de pessoas com planos de saúde no Brasil é de 47
milhões.
O
vice-presidente executivo da SBCBM, Luiz Vicente Berti, chamou atenção para o
fato de que o crescimento de 4,38% no número de cirurgias é praticamente
estável, se comparado ao número de pessoas elegíveis ao procedimento.
“Hoje
cada vez mais os brasileiros tornam-se obesos e obesos mórbidos , com doenças
associadas a obesidade e que trazem custo alto para a economia do país. Vemos
dificuldade para que as pessoas possam receber este tratamento da forma que
necessitam”, ressaltou.
Cirurgia bariátrica SUS – O
número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS saltou de 5.370
procedimentos em 2011 para 11.402 em 2018, um aumento de 112,33% em oito anos.
No entanto, as 11.402 cirurgias feitas pelo SUS em todo o país no último
ano representa apenas 1,16% do atendimento aos que necessitam. A população
elegível para bariátrica pelo SUS é de 708 mil pessoas.
Em
alguns estados e cidades a fila para cirurgia bariátrica pelo SUS pode levar 5
anos.
Este é o caso, por exemplo, do Hospital de Clínicas (HC), em Campinas,
com cerca de 1,5 mil pacientes na fila. No Rio de Janeiro, foram realizados
apenas 30 cirurgias pelo SUS em 2018.
“Considerando
que 75% da população depende do SUS para assistência médica, é fundamental
aumentar a oferta de cirurgias bariátricas para que essa
população tenha acesso aos mesmos benefícios do que àqueles com acesso à planos
de saúde” , afirmou a cirurgiã Galzuinda Maria Figueiredo Reis, que
integra a Diretoria da SBCBM e integra a Comissão de SUS.
Atualmente, o SUS conta com 85 serviços de Assistência de Alta
Complexidade à Atenção ao Indivíduo com Obesidade em 22 estados. Os 5 estados
da Federação nos quais não existem serviços habilitados pelo SUS em cirurgia
bariátrica são: Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia e Piauí.
Quem pode operar –
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com falha no tratamento clínico
realizado por, pelo menos, 2 anos e obesidade mórbida instalada há mais de
cinco anos, considerando Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 kg/m² e 39,9
kg/m², com comorbidades, ou pacientes com IMC igual ou maior do que 40 kg/m²,
com ou sem comorbidades.
Já a
cirurgia metabólica é recomendado para pacientes que não conseguiram o controle
do diabetes com o tratamento convencional e têm Índice de Massa Corporal entre
30 kg/m² e 34,9 kg/m².
Custo da obesidade – No
Brasil, o custo da obesidade chega à 2,4% do PIB e está estimado em R$
84.3 bilhões/ano.
Além disso, 69.3% do total de mortes são atribuídos a doenças
crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (30,4%), neoplasias
(16.5%), doenças respiratórias (6,0%) e o diabetes (5,3%)[1] – muitas
associadas à obesidade.
“Precisamos
democratizar o acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, oferecendo o melhor
tratamento para o grande número de pessoas que necessitam de atenção e tem sua
qualidade e expectativa de vida reduzidas”, afirmou o presidente da SBCBM,
Marcos Leão Vilas Boas.
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