Populismo de Bolsonaro e Guedes deflagra crise e
debandada na Economia
Quatro integrantes,
incluindo Bruno Funchal e Jeferson Bittencourt, pedem exoneração após manobra
para driblar teto
A exigência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de
turbinar gastos em ano eleitoral e a manobra para driblar a
regra constitucional do teto de gastos derrubaram a Bolsa, fizeram disparar
dólar e juros e causaram uma debandada no time do ministro Paulo Guedes
(Economia).
Quatro secretários
da equipe econômica pediram demissão nesta quinta-feira (21) por discordarem
das decisões. Pediram para deixar o governo dois dos principais nomes do núcleo
da pasta, o que comanda as contas públicas.
O maior representante
da área, abaixo de Guedes, é o secretário especial do Tesouro e
Orçamento, Bruno Funchal. Ele e o secretário do Tesouro
Nacional, Jeferson Bittencourt —subordinado a
Funchal—, pediram exoneração dos cargos.
Em nota, o
Ministério da Economia afirmou que também deixarão os cargos técnicos-chave da
pasta. São eles a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o
secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.
A debandada ocorreu
após semanas de escalada da pressão do Palácio do Planalto sobre a equipe
econômica por mais recursos, e horas após a formalização de uma proposta do governo para driblar o
teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas
federais.
A medida abre
margem de ao menos R$ 83 bilhões no Orçamento em ano eleitoral, inclusive para
turbinar emendas parlamentares, recursos direcionados pelos deputados e
senadores para bases eleitorais.
O Ministério da
Economia atribuiu os pedidos de demissão dos quatro secretários a "razões
de ordem pessoal".
Segundo a pasta, as
solicitações foram feitas de modo a permitir que haja um processo de transição
e de continuidade. Eles continuarão no cargo até a nomeação dos substitutos,
cujos nomes não foram divulgados.
A Folha,
no entanto, apurou que Funchal afirmou à sua equipe que deixa o governo por
questão de princípios. O secretário demissionário já havia dito que não
chancelaria medidas que subvertessem a ordem fiscal.
FOLHA DE SÃO PAULO