Centrão
reivindica Susep de olho no dinheiro do DPVAT.
Discurso é que mercado não gosta da
gestão atual, mas, no bastidor, superintendência está na barganha por troca de
cargos de Bolsonaro.
Aberta
a temporada de negociação com o chamado centrão, o comando
da Susep (Superintendência de Seguros Privados) volta à mira dos políticos.
Presidente
do Solidariedade de Goiás, o ex-deputado Armando Vergílio é um dos que defendem
a substituição da superintendente, Solange Vieira, sob o argumento de que, além
de inexperiente, ela não dialoga com o mercado.
Vergílio
admite ter levado sua reclamação a emissários do governo. Mas faz uma ressalva:
“A reclamação não é só nossa. O mercado de seguros, em geral, está insatisfeito
com a atuação dela.
Mas isso é uma questão de governo”, disse Vergílio,
rechaçando versão corrente no Congresso Nacional de que estaria reivindicando o
cargo.
Segundo
Vergílio, Solange tem uma atitude persecutória com os corretores, chegando a
dizer que o mercado é atrasado e sem transparência.
Ele se queixa, por exemplo,
da decisão dela de exigir o recadastramento dos corretores em plena pandemia.
Nas últimas semanas, o presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) tem se articulado com partidos do centrão, promovendo distribuição de cargos a essas legendas
em troca de apoio no Congresso para evitar a abertura de um possível processo
de impeachment.
A Susep aponta que já teve decisões favoráveis nas
Justiças de Tocantins e Rio de Janeiro sobre o caso.
O registro para o
exercício da atividade de corretor de seguros voltou a ser obrigatório com a
revogação da MP 905/2019 e, a partir daí, a entidade criou uma plataforma
digital para o recadastramento.
A entidade diz que o novo sistema de registro
online e gratuito visa apoiar os profissionais com as facilidades tecnológicas,
além de garantir segurança e agilidade nesse período de pandemia da Covid-19, e
aponta que desde o dia 22 de abril computou o cadastro de 18.370 pessoas na
plataforma até o dia 7 de maio.
O recadastramento pode ser realizado até o dia
31 de julho.
Em nota, a Susep disse que a medida garante mais
segurança aos processos, com a utilização de algoritmos de reconhecimento de
imagens e comparações, além do cruzamento de dados com bases oficiais.
O
formato também contribui para a viabilização das novas carteiras digitais de
habilitação profissional que os corretores cadastrados receberão em breve,
segundo o órgão.
A Susep apontou que não vai comentar as informações
da reportagem sobre o cenário político envolvendo o centrão e a entidade.
O
Ministério da Economia também foi procurado, mas apontou que não vai se
manifestar sobre eventuais trocas no comando da superintendência.
FOLHA DE SÃO PAULO