Governo fecha brecha para acabar com farra na emissão de títulos isentos
de IR.
Estoque de LCA, LCI, CRA, CRI e LIG gira em torno
de R$ 1,2 tri; medidas não acabam com isenção de Imposto de Renda
O governo federal decidiu fechar brechas que
permitiam a emissão indiscriminada de cinco títulos de renda fixa com isenção
do Imposto de Renda —investimentos que têm
um estoque hoje de R$ 1,2 trilhão no mercado brasileiro.
Os títulos alcançam as chamadas LCA, LCI, CRA, CRI
e LIG, papéis que têm como base operações no setor imobiliário e no
agronegócio.
As medidas, aprovadas pelo CMN (Conselho Monetário
Nacional) na noite desta quinta-feira (1º), restringem o rol do que pode ser utilizado pelos bancos e
pelas empresas como lastro (operações ou ativos que servem de
garantia) para eles emitirem esses títulos.
Ao fecharem o cerco e limitarem o escopo desses
títulos, um dos efeitos benéficos para o governo federal pode ser a diminuição
do montante de renúncia fiscal ligado a essas operações.
Após um trabalho de meses investigando esse mercado, o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
mapearam empresas e bancos, sem relação alguma com o agro e o setor
imobiliário, que estavam pegando carona na emissão desses papéis.
Esse mapeamento mostrou que mais de 40% do valor captado com
LCA e LCI, quase 100% das LIGs e 80% dos CRA e CRIS não iam para os setores
agrícola e imobiliário, segundo pessoas ouvidas pela Folha a
par do trabalho que embasou a decisão dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) e do presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, que integram o colegiado do CMN.
FOLHA DE SÃO PAULO