Na Funcesp, maior fundo de pensão privado do país, patrocinado por dez empresas, não há arrependimento em relação às apostas de investimentos que tem sido feitas. Apesar de ter encerrado 2015 com déficit de R$ 1,6 bilhão e rentabilidade de 8,26%, bem abaixo da meta atuarial de 16,65%, o fundo atribui o resultado mais a fatores conjunturais da macroeconomia do que a opções erradas de investimentos. Com recursos de R$ 25,6 bilhões, e na quarta posição no ranking geral do setor por ativos de investimento, a entidade prevê levantar R$ 1,5 bilhão com a venda de sua participação na CPFL Energia para o grupo Chinês State Grid ainda este ano, o que ajudará a equalizar a conta.
Para Martin Glogowsky, presidente da Funcesp, a gestão comprometida dos fundos de pensão públicos afeta a imagem de todos os fundos da indústria. "Um problema como esse prejudica, do ponto de vista da imagem institucional. Nós, como setor, estamos muito preocupados", afirma, em referência aos quatro fundos estatais - Petros, Funcef, Previ e Postalis - investigados pela Polícia Federal e Ministério Público na Operação Greenfield.
O executivo vê com bons olhos o trabalho de fomento de políticas mais rígidas de governança e gestão de riscos desenvolvida pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp) em resposta a esse cenário. "Parte deste trabalho está ligada à reconstrução da imagem dos fundos de pensão; é para as pessoas entenderem a dinâmica desse trabalho. Em geral, temos regras para tudo e pouca margem de manobra", diz.
A entidade, que tem 83% dos investimentos aplicados em renda fixa, especialmente nas NTN-Bs e Cs 2021, 2031 e 2045, analisa para o ano que vem uma mudança de estratégia de ativos, caso se confirmem as previsões de trajetória de queda da taxa Selic. Com o cenário macroeconômico mais favorável, a meta atuarial dos fundos vai subir 0,3% ou 0,4% em 2017. "Deve ficar em torno de 6,2% mais IGPDI", diz Glogowsky. Ele alerta que, com a queda dos juros, os gestores terão que se mexer mais. "Vamos ter de aumentar a exposição em renda variável e diversificar com dividendos e títulos atrelados a imóveis".
O executivo se diz satisfeito com o desempenho do fundo este ano. A rentabilidade no primeiro semestre foi de 13,75%, 6,02% acima da meta atuarial para o mesmo período (7,73%). No terceiro trimestre, o patrimônio rendeu 18,25% - a meta era de 11,06%.
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