Governo Lula prepara mudança em regras para fundos
de pensão.
Objetivo é dar
flexibilidade para equacionar déficits temporários e fazer investimentos
O governo Luiz
Inácio Lula da Silva (PT)
discute uma série de mudanças nas regras para fundos de pensão, com o objetivo de dar mais
flexibilidade aos gestores em caso de déficits temporários nos planos e na
alocação de recursos para investimentos.
Os temas são alvo
de um grupo de trabalho e também de conversas com o Ministério da Fazenda.
Eventuais alterações terão impacto sobre entidades fechadas, incluindo os três maiores
fundos de pensão do país: Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef
(Caixa).
Uma das medidas
deve abrandar a regra que hoje exige a elaboração de um plano de equacionamento em qualquer situação de
desequilíbrio, mesmo que pequeno ou temporário.
Os planos de
equacionamento demandam a cobrança de uma alíquota extra da patrocinadora e dos
participantes para garantir que as receitas serão suficientes no futuro para
cobrir os benefícios. Com isso, a renda disponível dos trabalhadores e
aposentados fica menor.
Outra iniciativa
busca flexibilizar a alocação dos recursos arrecadados via contribuições,
inclusive retomando os investimentos em FIPs (Fundos de Investimento em
Participações).
O desafio do governo é promover os ajustes sem
relançar desconfianças sobre o setor. Os FIPs foram alvo central das
investigações da Operação Greenfield, deflagrada em 2016 e que apontou
problemas e desvios de recursos bilionários, causando prejuízo aos trabalhadores.
A Abrapp
(Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) tem
discutido o modelo com seus membros, mas representantes da entidade consideram
razoável a retomada de uma regra nos mesmos moldes, com um limite prudencial
que dispara a cobrança extra.
A Previc considera
a regra antiga um bom ponto de partida, mas defende aprimoramentos.
Hoje, quando há
déficit estrutural, o equacionamento é aprovado com base na duração estimada do
plano —uma variável que sintetiza a expectativa de sobrevida dos participantes
no momento da formulação das medidas de reequilíbrio.
FOLHA DE SÃO PAULO